Política
“Não quero submeter meu filho a um fracasso”, diz Bolsonaro
Presidente dá sinais que pode rever nomeação de Eduardo Bolsonaro para a embaixada nos Estados Unidos
O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta terça-feira 20, que não quer submeter Eduardo Bolsonaro “a um fracasso” em relação à indicação do filho à embaixada brasileira em Washington, que tem que ser aprovada pela maioria do Senado. “Eu acho que ele tem competência. Mas tudo pode acontecer”, disse o presidente ao sair do Palácio da Alvorada nesta manhã.
“Se o Senado quiser rejeitar o nome de Eduardo, é direito dele”, acrescentou, após comentar que considera a visão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a possibilidade da nomeação ser encarada como nepotismo ou não. “O que vale para mim é a súmula do Supremo que diz que não é nepotismo”, afirmou o presidente.
O ministro do STF, Ricardo Lewandowski, rejeitou na quarta-feira 14 a ação do partido Cidadania na Suprema Corte que acusava a indicação como favorecimento de um membro familiar.
Eduardo Bolsonaro, que é deputado estadual pelo PSL (Partido Social Liberal), já teve seu nome apresentado pelo Ministério das Relações Exteriores ao presidente norte-americano Donald Trump, que aprovou a indicação. No Brasil, porém, o cenário não é fácil ao filho mais novo do presidente.
Para assumir o cargo, Eduardo Bolsonaro terá que passar por uma sabatina na Comissão de Relações Exteriores no Senado Federal, e por uma votação dos parlamentares no Plenário. É preciso ter maioria simples, ou seja, 41 favoráveis, dos 81 senadores da Casa.
Uma proposta de emenda à Constituição (PEC), protocolada no dia 06 de agosto no Senado Federal, veda a nomeação de parentes até o terceiro grau para cargos “de confiança” da administração pública. Quase metade dos senadores assinaram o projeto, o que sinaliza um contexto negativo para a indicação do deputado.
Entre a população, também há visão negativa sobre a indicação. Uma pesquisa feita pela XP Investimentos afirmou que 62% dos entrevistados eram contrários à Eduardo em Washington, 29% eram favoráveis e 6% colocaram-se como indiferentes. Outros 4% não responderam.
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