Entrevistas
Não há chance de anistia e quem estimulou o 8 de Janeiro também deve ser punido, diz Cappelli
Novo atentado ao STF reforça a necessidade de condenações exemplares, defende o ex-número 2 do Ministério da Justiça


Ex-secretário-executivo do Ministério da Justiça e ex-interventor na segurança pública do Distrito Federal após o 8 de Janeiro de 2023, Ricardo Cappelli afirmou a CartaCapital nesta segunda-feira 18 não ver possibilidade de avançar no Congresso Nacional uma anistia aos envolvidos nos ataques golpistas às sedes dos Poderes.
Nos últimos dias, ministros do Supremo Tribunal Federal também dispararam contra a chance de perdoar os crimes contra a democracia, especialmente depois de a Praça dos Três Poderes ser palco de mais um atentado. Francisco Wanderley Luiz, ex-candidato a vereador pelo PL de Jair Bolsonaro em Rio do Sul (SC), detonou uma série de artefatos na área em frente à Corte e morreu no local, na noite da quarta-feira 13.
“Esse evento que aconteceu, mais um atentado contra o STF, apenas reafirma a necessidade de uma punição exemplar a todos os que tentaram agredir as instituições, que depredaram patrimônio público, e também a todos aqueles que conspiraram para que tudo isso acontecesse“, enfatizou Cappelli.
O novo ataque, segundo ele, reforça a existência de uma rede de ódio cujo objetivo é minar a democracia. Diante disso, punir de forma exemplar os executores e os mentores do 8 de Janeiro seria o único caminho para impor um limite aos extremistas.
Cappelli disse ter plena confiança na condenação dos autores intelectuais dos ataques. No STF, há inquéritos separados para apurar a conduta dos que depredaram as sedes dos Três Poderes e dos que podem ser considerados os mentores — neste caso, um dos investigados é Bolsonaro.
“Não há precedente de acampamentos em frente aos quartéis-generais do Exército, que viraram cidadelas clamando por um golpe de Estado”, relembrou o ex-número 2 da Justiça sob Flávio Dino. “Isso só foi possível porque houve a conivência do então comandante em chefe das Forças Armadas: Jair Bolsonaro.”
Assista à íntegra da entrevista de Ricardo Cappelli, atual presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, a CartaCapital:
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Bolsonaro tenta se afastar do homem-bomba de Brasília. Vai colar?
Por André Barrocal
STF: Do ‘perdoar sem condenar’ os militares de 64 aos alertas contra anistia ao 8 de Janeiro
Por Leonardo Miazzo
Justiça da Argentina ordena prisão de 61 foragidos do 8 de Janeiro
Por Agência Brasil