Política
‘Não dá para acreditar em bondade desse genocida’, diz Lula sobre a PEC Eleitoral de Bolsonaro
O ex-presidente voltou a recomendar que os seus eleitores usem o dinheiro dos benefícios sociais, mas rechacem o ex-capitão nas urnas
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ironizou o que chamou de “desespero” do adversário Jair Bolsonaro (PL) na aprovação da proposta de emenda à Constituição apelidada de “PEC Eleitoral”, que amplia benefícios sociais a três meses da eleição.
Em discurso no município de Serra Talhada, em Pernambuco, Lula afirmou não ser possível acreditar na “bondade” de Bolsonaro, a quem se referiu como “genocida” e “negacionista”, devido às mortes na pandemia e à postura do ex-capitão em relação à vacina contra a Covid-19.
Além disso, Lula acusou Bolsonaro de ter preferido passear de jet ski em praias de Santa Catarina em vez de lidar com as enchentes ocorridas em Recife.
Em referência à PEC Eleitoral, Lula voltou a recomendar que os seus eleitores usem o dinheiro dos benefícios sociais, mas evitem votar em Bolsonaro nas urnas.
“Recentemente, no estado de desespero para tentar ganhar as eleições, imaginando que o povo é gado, que o povo pode ser tangido, ele anunciou que vai aumentar para 600 reais o Auxílio Brasil até dezembro, quando nós reivindicávamos há dois anos um Bolsa Família de 600 reais”, criticou. “Ele está fazendo com que 41 bilhões de reais fiquem à disposição para ele distribuir e para ver se ganha as eleições.”
Lula também afirmou que a eleição deste ano é disputada por “uma candidatura que defende a democracia” e “um candidato que é desumano”.
“Vocês não podem acreditar em fantasia. Não dá, nessa altura do campeonato, para a gente acreditar em bondade desse genocida, que não teve coragem sequer de colocar a vacina no momento em que a ciência determinava que tinha vacina.”
O petista rechaçou declarações de Bolsonaro que expuseram falsas suspeitas sobre as urnas eletrônicas a embaixadores, em reunião na segunda-feira 18.
“O cidadão que mente, inclusive, sobre as próprias eleições. Ele foi eleito em 98, em 2002, em 2006, em 2010, em 2014 e em 2018 pela urna eletrônica. E ele agora diz que a urna eletrônica não é séria e que ele vai ser roubado.”
Em outro trecho do discurso, Lula citou diretamente a reunião com os embaixadores.
“Você viu que o presidente esses dias chamou 50 embaixadores para dizer que a urna permite roubo. Nenhum embaixador levou a sério, porque a eleição no Brasil é modelo no mundo inteiro”, afirmou.
Lula disse ainda confiar no sistema eleitoral brasileiro porque, se houvesse possibilidade de fraude, ele mesmo não teria sido vitorioso em 2002 e 2006.
“Se pudessem roubar na urna eletrônica, vocês acham que o Lulinha teria sido presidente em 2002? Vocês acham que o Lulinha teria sido presidente em 2006? Se pudessem roubar, vocês acham que uma mulher que passou três anos na cadeia e torturada teria sido eleita em 2010 e reeleita em 2014?”, questionou.
Lula passou o dia em Pernambuco e tentou encerrar um impasse a envolver o seu endosso na disputa a governador. Apoiado pela favorita nas pesquisas, Marília Arraes (SD), o ex-presidente deixou claro que o seu nome para a eleição pernambucana é Danilo Cabral (PSB).
O petista já havia tocado no assunto mais cedo e retomou o tema à noite.
“Não confundo a minha relação de amizade com a minha relação política. Eu vim aqui a Serra Talhada não para ser contra ninguém. Para dizer a todos os companheiros que confiam em mim que, aqui em Pernambuco, eu tenho candidato, e o nome dele é Danilo Cabral. Porque nós temos um acordo com o PSB, e esse acordo não é estadual, é nacional. Porque nós precisamos derrotar esse fascista no governo e não dá pra brincar em serviço.”
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