Política

Na TV, Eduardo Bolsonaro baixa o tom sobre AI-5: “Peço desculpas”

Deputado negou que estude volta do AI-5 e afirmou que declaração em entrevista foi ‘deturpada’

O deputado Eduardo Bolsonaro. (Foto: Alex Ferreira/Câmara dos Deputados)
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O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) pediu desculpas e negou que tenha feito estudos pelo retorno do Ato Institucional nº 5 (AI-5). Em entrevista ao programa Brasil Urgente, da TV Bandeirantes, no fim da tarde desta quinta-feira 31, ele disse que sua fala foi “deturpada”.

“Peço desculpas a quem, porventura, tenha entendido que eu estou estudando o retorno do AI-5 ou achando que o governo, de alguma maneira, estaria estudando alguma medida nesse sentido. Essa possibilidade não existe. Agora, muito disso é uma interpretação deturpada do que eu falei. Eu apenas citei o AI-5, eu não falei que ele estaria retornando. Mas eu fico bem confortável para deixar isso claro”, disse.

O parlamentar lembrou que “a gente vive sob a Constituição Federal de 1988” e que não é interessante, para ele, “a radicalização”. Por outro lado, acusou políticos de esquerda de se inspirarem nas recentes manifestações no Chile para incentivarem protestos violentos no Brasil.

O deputado citou a capa da edição 1078 de CartaCapital, publicada nesta semana, com destaque para a reportagem “Os 99% tomam as ruas: lá fora”, sobre os protestos ocorridos em países como o Chile, em Honduras e no Líbano.

“Eu fui democraticamente eleito. Não é interessante, para mim, a radicalização. Agora, a esquerda, Datena, vários deputados estão chamando de protestos lindos e que eles deveriam vir para o Brasil”, afirmou.

Mais cedo, Eduardo publicou um vídeo em que exibe a mesma capa de CartaCapital e justifica o anúncio do AI-5 no fim dos anos 60. O parlamentar fez referência ao livro “Verdade Sufocada”, do torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, para acusar militantes de esquerda de promoverem atentados contra o governo na época.

Em entrevista à jornalista Leda Nagle, publicada na manhã desta quinta-feira 31, o parlamentar afirmou que, “caso a esquerda se radicalize”, haverá uma “resposta” institucional.

“Pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada através de um plebiscito, como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada”, declarou.

O Ato Institucional Número 5 (AI-5) foi o principal decreto entre os 17 emitidos durante a ditadura, nos anos posteriores ao golpe de Estado de 1964.

Editado em 13 de dezembro de 1968 pelo governo do marechal Artur da Costa e Silva, o AI-5 retirou suspendeu direitos políticos, cassou mandatos e deu poderes ao presidente para fechar o Congresso Nacional.

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