Política

Na ONU, Dilma vai defender moderação na política internacional

Presidenta deve criticar a polarização entre EUA e Rússia na questão síria e defender o diálogo para resolver conflitos

A presidenta Dilma Rousseff durante sua chegada a Nova York. Foto: Roberto Stuckert Filho / PR
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A presidenta Dilma Rousseff abre na manhã desta terça-feira 25 a Assembleia-Geral das Nações Unidas com um discurso no qual vai pregar moderação para a resolução de conflitos internacionais e no qual deverá fazer novas críticas à forma como Estados Unidos, Europa e Japão lidam com a crise econômica. O discurso de Dilma também deve contemplar alguns dos compromissos de desenvolvimento sustentável assumidos pelos líderes mundiais que compareceram à Rio+20, realizada em junho no Rio de Janeiro.

A alusão inescapável do discurso do Brasil será o conflito na Síria. Desde março de 2011, o confronto entre partidários do ditador Bashar al-Assad e seus opositores deixou mais de 20 mil mortos e fez algumas centenas de milhares de refugiados.

É provável que o discurso de Dilma sirva para justificar a posição do governo brasileiro a respeito da Síria. Até aqui, o Brasil mostra preocupação com as violações de direitos humanos cometidas de ambos os lados e é frontalmente contra uma intervenção armada. Essa postura coloca o Brasil em uma posição contrária à de Estados Unidos, Reino Unido e França e ao lado de China e Rússia. Como chineses e russos também apoiam o regime Assad, muitos críticos condenam o Brasil como suposto apoiador do ditador sírio.

Na ONU, Dilma deve tentar mostrar que o Brasil é contrário a intervenções militares, especialmente quando elas podem gerar uma situação ainda pior que a atual. Em julho, ao visitar o primeiro-ministro britânico, David Cameron, Dilma disse temer que uma intervenção estrangeira possa tornar a Síria em um novo Afeganistão ou um novo Iraque. Para evitar esse desfecho e romper o ciclo de violência posto na Síria atualmente, o Brasil defende o diálogo. De acordo com reportagem da BBC Brasil, o porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes, afirmou que outros países têm manifestado o interesse em ver o Brasil usar seu poder de diálogo para ajudar a resolver conflitos. “(O diálogo) é a tradição diplomática brasileira, é onde nós somos capazes de dar nossa contribuição. Nós temos insistido que não vemos solução militar para vários conflitos atuais no âmbito internacional, de modo que seria natural que (o discurso de Dilma) fosse por aí”, afirmou.

O Brasil também vai se distanciar de Rússia e China ao afirmar, ainda segundo o porta-voz do Itamaraty, que a polarização é ruim para a ONU como um todo e para o multilateralismo. Desta forma, o Brasil criticará os dois lados da polarização a respeito da Síria, aquele liderado pelos Estados Unidos e o outro liderado pela Rússia.

É possível que Dilma reforce nesta terça-feira o conceito que lançou na Assembleia Geral de 2011, a Responsabilidade ao Proteger. Atualmente, vigora na ONU um conceito conhecido como Responsabilidade de Proteger. Por este conceito, a comunidade internacional se considera obrigada a intervir militarmente para evitar massacres, genocídios e limpezas étnicas, desde que três condições sejam cumpridas: que a violência seja de grandes proporções, que as alternativas ao uso da força, como sanções, não tenha efeito e que a intervenção melhore a situação. O conceito brasileiro, a Responsabilidade ao Proteger, não foi muito bem definido pela diplomacia brasileira, o que gerou críticas internacionalmente, mas prega que as intervenções militares não sejam realizadas de forma irresponsável. É deste conceito, ainda embrionário, que deriva a posição do Brasil de ser contra uma intervenção na Síria.

Economia e desenvolvimento sustentável

Outro tema importante no discurso de Dilma deve ser a situação da economia mundial. O assunto coloca o Brasil em posição de confronto com os Estados Unidos e ele teve início nos últimos dias. No último dia 18, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, criticou duramente os Estados Unidos pelo lançamento de um novo programa de estímulo à economia que inclui a injeção de bilhões de dólares na economia. O mesmo tipo de artifício vem sendo usado pelos bancos centrais da Europa e pelo do Japão. O temor do Brasil é que a medida derrube a cotação do real, estimulando importações e afetando negativamente a indústria nacional. Segundo reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, críticas ao chamado “tsunami monetário” devem aparecer no discurso de Dilma.

Dilma também deve mencionar a Rio+20 em seu discurso, segundo reportagem da Agência Brasil. Dilma deve reiterar o apelo para que todos os países se comprometam de forma prática e objetiva com as metas fixadas na conferência, que foram satisfatórias na opinião do governo brasileiro, mas tímidas demais para ambientalistas.

A presidenta Dilma Rousseff abre na manhã desta terça-feira 25 a Assembleia-Geral das Nações Unidas com um discurso no qual vai pregar moderação para a resolução de conflitos internacionais e no qual deverá fazer novas críticas à forma como Estados Unidos, Europa e Japão lidam com a crise econômica. O discurso de Dilma também deve contemplar alguns dos compromissos de desenvolvimento sustentável assumidos pelos líderes mundiais que compareceram à Rio+20, realizada em junho no Rio de Janeiro.

A alusão inescapável do discurso do Brasil será o conflito na Síria. Desde março de 2011, o confronto entre partidários do ditador Bashar al-Assad e seus opositores deixou mais de 20 mil mortos e fez algumas centenas de milhares de refugiados.

É provável que o discurso de Dilma sirva para justificar a posição do governo brasileiro a respeito da Síria. Até aqui, o Brasil mostra preocupação com as violações de direitos humanos cometidas de ambos os lados e é frontalmente contra uma intervenção armada. Essa postura coloca o Brasil em uma posição contrária à de Estados Unidos, Reino Unido e França e ao lado de China e Rússia. Como chineses e russos também apoiam o regime Assad, muitos críticos condenam o Brasil como suposto apoiador do ditador sírio.

Na ONU, Dilma deve tentar mostrar que o Brasil é contrário a intervenções militares, especialmente quando elas podem gerar uma situação ainda pior que a atual. Em julho, ao visitar o primeiro-ministro britânico, David Cameron, Dilma disse temer que uma intervenção estrangeira possa tornar a Síria em um novo Afeganistão ou um novo Iraque. Para evitar esse desfecho e romper o ciclo de violência posto na Síria atualmente, o Brasil defende o diálogo. De acordo com reportagem da BBC Brasil, o porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes, afirmou que outros países têm manifestado o interesse em ver o Brasil usar seu poder de diálogo para ajudar a resolver conflitos. “(O diálogo) é a tradição diplomática brasileira, é onde nós somos capazes de dar nossa contribuição. Nós temos insistido que não vemos solução militar para vários conflitos atuais no âmbito internacional, de modo que seria natural que (o discurso de Dilma) fosse por aí”, afirmou.

O Brasil também vai se distanciar de Rússia e China ao afirmar, ainda segundo o porta-voz do Itamaraty, que a polarização é ruim para a ONU como um todo e para o multilateralismo. Desta forma, o Brasil criticará os dois lados da polarização a respeito da Síria, aquele liderado pelos Estados Unidos e o outro liderado pela Rússia.

É possível que Dilma reforce nesta terça-feira o conceito que lançou na Assembleia Geral de 2011, a Responsabilidade ao Proteger. Atualmente, vigora na ONU um conceito conhecido como Responsabilidade de Proteger. Por este conceito, a comunidade internacional se considera obrigada a intervir militarmente para evitar massacres, genocídios e limpezas étnicas, desde que três condições sejam cumpridas: que a violência seja de grandes proporções, que as alternativas ao uso da força, como sanções, não tenha efeito e que a intervenção melhore a situação. O conceito brasileiro, a Responsabilidade ao Proteger, não foi muito bem definido pela diplomacia brasileira, o que gerou críticas internacionalmente, mas prega que as intervenções militares não sejam realizadas de forma irresponsável. É deste conceito, ainda embrionário, que deriva a posição do Brasil de ser contra uma intervenção na Síria.

Economia e desenvolvimento sustentável

Outro tema importante no discurso de Dilma deve ser a situação da economia mundial. O assunto coloca o Brasil em posição de confronto com os Estados Unidos e ele teve início nos últimos dias. No último dia 18, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, criticou duramente os Estados Unidos pelo lançamento de um novo programa de estímulo à economia que inclui a injeção de bilhões de dólares na economia. O mesmo tipo de artifício vem sendo usado pelos bancos centrais da Europa e pelo do Japão. O temor do Brasil é que a medida derrube a cotação do real, estimulando importações e afetando negativamente a indústria nacional. Segundo reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, críticas ao chamado “tsunami monetário” devem aparecer no discurso de Dilma.

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