Política

MPF vê ‘uso indevido do cargo’ e pede afastamento de diretor da PRF por 90 dias

Silvinei Vasques é investigado pela atuação em bloqueios de rodovias no dia do segundo turno da eleição e após a proclamação do resultado

MPF vê ‘uso indevido do cargo’ e pede afastamento de diretor da PRF por 90 dias
MPF vê ‘uso indevido do cargo’ e pede afastamento de diretor da PRF por 90 dias
O ex-diretor-Geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques (Foto: EBC)
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O Ministério Público Federal pediu nesta terça-feira 15 o “imediato afastamento cautelar” do diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, por 90 dias.

O pedido, assinado pelo Procurador Eduardo Santos de Oliveira Benones, da Procuradoria da República no Rio de Janeiro, sustenta que houve “uso indevido do cargo” e argumenta que as blitzes realizadas pela corporação no segundo turno das eleições contribuiu “sobremodo para o clima de instabilidade e confronto instaurado durante o deslocamento de eleitores”.

“Não é possível […] dissociar da narrativa desta inicial a possibilidade de que as condutas do requerido, especialmente na véspera do pleito eleitoral, tenham contribuído sobremodo para o clima de instabilidade e confronto instaurado durante o deslocamento de eleitores no dia do segundo turno das eleições e após a divulgação oficial do resultado pelo TSE”, escreveu o MPF.

O pedido de voto para Jair Bolsonaro (PL) na véspera da eleição também é mencionado pelo órgão como uma “verdadeira propaganda político-partidária e promoção pessoal de autoridade com fins eleitorais”.

“A vinculação constante de mensagens e falas em eventos oficiais, entrevista a meio de comunicação e rede social privada, mas aberta ao público em geral, tudo facilmente acessível na internet, sempre associando a própria pessoa do requerido à imagem da instituição PRF e concomitantemente à imagem do Chefe do Poder Executivo federal e candidato a reeleição para o mesmo cargo, denotam a intenção clara de promover, ainda que por subterfúgios ou mal disfarçadas sobreposição de imagens, verdadeira propaganda político-partidária e promoção pessoal de autoridade com fins eleitorais”, argumenta.

Apesar da proibição pelo Tribunal Superior Eleitoral, agentes da corporação pararam ônibus que faziam transporte gratuito de eleitores. A PRF alega que fiscalizou questões técnicas dos veículos, como condições de pneus. O caso é investigado pela Polícia Federal, que também apura se houve “omissão por motivos políticos” do órgão diante dos bloqueios ilegais de manifestantes bolsonaristas nas rodovias.

Silvinei Vasques foi nomeado diretor-geral da PRF quando Anderson Torres assumiu o cargo de ministro da Justiça, em abril de 2021. Vasques substituiu Eduardo Aggio de Sá como chefe da instituição.

Antes de ser diretor-geral da PRF, ele era superintendente da instituição no Rio de Janeiro. Vasques faz parte dos quadros da instituição desde 1995.

CartaCapital procurou a Polícia Rodoviária Federal e aguarda posicionamento.

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