Política
MPF vai investigar deputado do MS que exibiu livro de Hitler em plenário
O deputado estadual João Henrique Catan (PL-MS) fez menção ao ‘Mein Kampf’ durante discurso na Assembleia Legislativa


O Ministério Público Federal vai investigar o deputado estadual João Henrique Catan (PL-MS) por ter exibido uma cópia do livro Mein Kampf, de Adolf Hitler, no plenário da Assembleia Legislativa durante um discurso.
Na terça-feira 7, o parlamentar bolsonarista comparou a situação do estado do sul-mato-grossense ao incêndio do parlamento alemão, o Reichstag, ocorrido em 1933 e que serviu como oportunidade para Hitler fechar o regime, suspendendo o exercício da fiscalização do poder público por parlamentares. Depois, exibindo o livro ao plenário, disse:
“É com a apresentação do Mein Kampf de Hitler que peço para que este parlamento se fortaleça, se reconstrua, se reorganize nos rumos do que foi o parlamento europeu da Alemanha e que serviu, após sua reconstrução, de inspiração, inclusive para nós estarmos hoje aqui através do nosso direito constitucional brasileiro, que se inspira no modelo romano germânico. Era o que tinha, senhor presidente, para encaminhar o voto favorável a aprovação do requerimento”.
A apuração foi iniciada depois que o deputado estadual Leonel Radde (PT-RS) encaminhou denúncia ao MPF. O parlamentar defendeu a cassação de Catan.
A apologia do nazismo usando símbolos nazistas, distribuindo emblemas ou fazendo propaganda desse regime é crime previsto em lei no Brasil, com pena de reclusão. A lei Lei 7.716/1989 define que é conduta criminosa: praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional; e fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo.
O livro de Hitler tem proibição de venda e circulação estipulada por uma lei municipal do Rio de Janeiro, mas não há uma lei federal que proíba a comercialização desse ou de outros livros de inspiração nazista no País.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Orçamento de combate à violência contra mulheres foi reduzido na gestão Bolsonaro
Por Marina Verenicz
O que diz o advogado da família Bolsonaro sobre o caso das joias
Por CartaCapital
A busca do PL por um advogado para defender Bolsonaro no caso das joias
Por Getulio Xavier
Bolsonaro recebeu pacote de joias e o mantém em seu ‘acervo privado’, diz ajudante de ordens
Por CartaCapital
Oposição vai ajudar Lula a aprovar reforma tributária, diz Alckmin
Por Getulio Xavier
Em reunião com Lula, CNTE pede revogação do novo ensino médio
Por Agência Brasil