Política

MPF no Paraná vai investigar rádio por financiar e estimular atos do 8 de Janeiro

O inquérito, ao qual CartaCapital teve acesso, foi aberto a pedido da procuradora-regional dos Direitos dos Cidadãos Indira Bolsoni Pinheiro

MPF no Paraná vai investigar rádio por financiar e estimular atos do 8 de Janeiro
MPF no Paraná vai investigar rádio por financiar e estimular atos do 8 de Janeiro
Acampamento bolsonarista em Brasília. Foto: Alisson Matos
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A Procuradoria da República no Paraná vai investigar se a Rádio Estúdio 92,3 FM, localizada em Cascavel, a quase 506 quilômetros de Curitiba, financiou e estimulou os atos golpistas do 8 de janeiro em Brasília. O inquérito, ao qual CartaCapital teve acesso, foi aberto a pedido da procuradora-regional dos Direitos dos Cidadãos Indira Bolsoni Pinheiro na última terça-feira 7.

De acordo com o MPF, a emissora afiliada da Rede Bandeirantes no estado, também conhecida como Rádio Cidade de Cascavel, teria estimulado ataques à democracia e promovido a disseminação de informações falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro.

Suspeita-se ainda que o canal tenha financiado os atos antidemocráticos no Paraná, com a utilização de “diversos banners para divulgar a frequência da rádio e sua cobertura dos atos antidemocráticos”. A peça também aponta para a presença de pessoas ligadas à empresa no acampamento montado por bolsonaristas em frente ao quartel do Exército na cidade.

Enquanto os criminosos planejavam saquear a sede dos Três Poderes, diz o MPF, o canal, “por intermédio de seus radialistas e jornalistas, realizou diariamente a cobertura do acampamento instalado por cidadãos com ideias antidemocráticas em frente à sede do Exército Brasileiro, realizando entrevistas com organizadores e integrantes do movimento”.

No documento, o órgão cita um dos apresentadores da rádio como responsável por propagar teorias extremistas. Trata-se de Duka Siliprandi, que chegou a insinuar, em dezembro, que as urnas eletrônicas foram fraudadas para beneficiar o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Com a abertura da investigação, a rádio corre o risco de perder a concessão pública com base no Código Brasileiro das Telecomunicações, a proibir o uso do serviço para “veicular notícias falsas, com perigo para a ordem pública, econômica e social” e “colaborar na prática de rebeldia desordens ou manifestações proibidas”.

A empresa ainda está proibida de excluir qualquer conteúdo publicado nas redes sociais, inclusive transmissões no YouTube. Além disso, deverá prestar informações à Justiça em até 15 dias sobre os conteúdos relacionados à cobertura dos atos golpistas na capital federal.

A CartaCapital, a Rádio Estúdio 92,3 FM disse desconhecer a abertura do inquérito civil e, por esta razão, “não pode se pronunciar sobre os aspectos” relatados nesta reportagem. Acrescentou, ainda, que está à disposição da Justiça para “elucidar eventuais fatos e questionamentos”.

Procurado pela reportagem, o apresentador Duka Siliprandi não retornou aos contatos. O espaço segue aberto à manifestação.

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