Política
MPF denuncia Dirceu e mais 14 pessoas em ação da Lava Jato
É a primeira denúncia apresentada pela operação após o fim da força-tarefa em Curitiba e a integração de membros ao Gaeco


O Ministério Público Federal denunciou nesta quarta-feira 10 o ex-ministro José Dirceu, o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e outras treze pessoas por supostos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, fraude a licitação e cartel na área de serviços da estatal.
Trata-se da primeira denúncia apresentada pela Lava Jato em Curitiba após o fim da força-tarefa e a integração de alguns de seus membros ao Grupo de Ação Especial de Combate ao Crime Organizado.
Segundo a peça, o esquema teria beneficiado as empresas Hope Recursos Humanos e Personal Service, que teriam pago 48 milhões de reais em propinas ao grupo.
Dirceu foi condenado em duas ações no âmbito da Lava Jato: em uma delas, teve a pena estipulada em trinta anos e nove meses pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região; na outra, o TRF-4 decidiu aplicar uma pena de oito anos e dez meses.
O ex-ministro permaneceu detido em Curitiba entre agosto de 2015 e maio de 2017. Em 2018, voltou à prisão, onde permaneceu até novembro de 2019, quando foi libertado após decisão da Segunda Turma do STF.
MPF investe em outras frentes
O MPF pediu, na segunda-feira 8, a condenação de José Dirceu por lavagem de dinheiro em outro processo que nasceu na Lava Jato. Neste caso, Dirceu é acusado de receber propina da Engevix e da UTC.
Segundo a denúncia do MPF, Dirceu teria influência sobre a Diretoria de Serviços da Petrobras e a propina seria resultado de acertos ilegais ligados a contratos da estatal. Seriam 900 mil reais pagos pela Engevix à Entrelinhas, que prestou serviços de comunicação a Dirceu, e 1,5 milhão pela UTC por meio de serviços de consultoria de uma empresa do ex-ministro.
Para Dirceu, no entanto, a peça do MPF se baseia em “fatos requentados”. No caso da Engevix, argumenta ele, “saltam à vista a pressa e o momento do pedido extemporâneo dos procuradores”. Já o trecho relacionado à UTC é “ainda mais esdrúxulo, uma vez que seus diretores depuseram negando qualquer relação com a Petrobrás ou com propina”.
De acordo com o ex-ministro, “já é hora de dar um basta naqueles que, acima da Lei e da Constituição, usaram e abusaram da luta contra a corrupção com fins e objetivos políticos e pessoais – por vaidade, busca do poder, exibicionismo e ascensão social, como hoje está escancarado nas trocas de mensagens entre os procuradores e o ex-juiz Sérgio Moro”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.