Política
MPF abre apuração contra o CFM por questionar vacinação infantil contra Covid-19
A ação atende a um pedido da deputada Luciene Cavalcante (PSOL-SP), que argumenta que a pesquisa teria caráter político e pessoal do presidente do Conselho


O Ministério Público Federal abriu apuração contra o Conselho Federal de Medicina, em razão de uma pesquisa do Conselho que questiona a obrigatoriedade da vacina infantil contra Covid em crianças de 6 meses a 4 anos.
Em um formulário divulgado aos médicos brasileiros, o Conselho questionou ainda se “os pais e responsáveis têm o direito de não optar pela imunização de suas crianças?”.
A ação atende ao pedido da deputada Luciene Cavalcante (PSOL-SP), que argumentou que a pesquisa tem caráter político e pessoal do presidente do CFM, José Hiran da Silva Gallo.
Durante a pandemia de Covid-19, Gallo fez diferentes movimentos de aceno ao então presidente Jair Bolsonaro (PL), e chegou a notificar a Anvisa contra a obrigatoriedade no uso de máscaras.
“A pesquisa não trará nenhum benefício à sociedade, uma vez que — ao equiparar crenças pessoais à ciência — pode gerar insegurança na comunidade médica e afastar a população das salas de vacinação”, ressaltou a parlamentar no pedido, em menção a nota técnica da Sociedade Brasileira de Imunizações sobre o imunizante.
A investigação do MPF, em São Paulo, tem caráter interno e preliminar, ou seja, somente após essa etapa o procurador define se haverá uma abertura de processo formal contra o Conselho Federal de Medicina.
Após a repercussão do caso, o CFM divulgou uma nota onde diz que “a pesquisa não contesta a eficácia ou a decisão do Ministério da Saúde de disponibilizar a vacina para a população infantil”.
E acrescenta que o objetivo seria de “compreender a visão dos médicos, como profissionais capacitados a manifestar opiniões embasadas em conhecimento técnico-científico, sobre a obrigação imposta aos pais para que as crianças nessa faixa etária sejam vacinadas contra COVID-19, independentemente de prescrição médica”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Entidade médica critica CFM por equiparar crenças pessoais à ciência
Por Agência Brasil
CFM proíbe prescrição de anabolizantes com finalidade estética e esportiva
Por André Lucena
Justiça determina a exclusão de publicações que associam vacinas da Covid-19 à Aids
Por Wendal Carmo
‘Mutilação na infância’: Brasil pode banir cirurgias em crianças intersexo
Por Diadorim