Política

MP-RJ pedirá quebra de sigilo bancário de Flávio Bolsonaro e Queiroz

O senador Flávio Bolsonaro chegou a entrar com um pedido no STF para anular as provas das “transações atípicas” por Queiroz

Flávio Bolsonaro e o ex-assessor, ex-amigo, ex-morista e ex-policial Fabrício Queiroz (Foto: Reprodução) Flávio Bolsonaro e o ex-assessor, ex-amigo, ex-morista e ex-policial Fabrício Queiroz. Ele contratava familiares de milicianos para trabalhar no gabinete do Flávio, mas este não sabia de nada. (Crédito: Reprodução)
Apoie Siga-nos no

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) vai pedir a quebra do sigilo bancário e fiscal do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e de seu ex-assessor Fabricio Queiroz. O caso, que está nas mãos do promotor Luís Otávio Lopes do MPRJ, desde fevereiro, está prestes a andar, conforme noticiou a coluna de Lauro Jardim, no O Globo, este domingo 05.

Em recente carta enviada ao MP-RJ, Queiroz contou que recolhia parte da remuneração dos servidores do gabinete para contratar colaboradores informais. No entanto, negou ter se apropriado dos valores. Também disse que Flávio não sabia de sua atuação, mas que fazia isso para aumentar o número de assessores e, assim, aproximar Flávio de sua base eleitoral. Ainda segundo Queiroz, todo novo assessor de Flávio sabia antecipadamente que parte de seu salário deveria ser devolvida.

 

A defesa do senador Flávio Bolsonaro chegou a entrar com um pedido no STF para que o órgão anulasse todas as provas das chamadas “transações atípicas” feitas pelo motorista Fabrício Queiroz e descobertas pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). O pedido foi negado pelo ministro Marco Aurélio Melo.

Relembre o caso

As suspeitas envolvendo Queiroz – e consequentemente Flávio – apareceram na imprensa no início de dezembro, após a eleição de Jair Bolsonaro, quando foi divulgado um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que detectou movimentações atípicas de uma série de assessores e ex-assessores de deputados da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).

Na relação estava Fabrício Queiroz, que além de ter atuado como assessor de Flávio, também é amigo do presidente Jair Bolsonaro. De acordo com o relatório, Queiroz movimentou 1,2 milhão de reais entre janeiro de 2016 e o início de 2017, quando estava lotado no gabinete de Flávio – um valor incompatível com seu salário.

O documento apontou ainda que outros assessores do gabinete de Flávio faziam depósito regulares para Queiroz, sempre em datas próximas do dia de pagamento na Alerj. Os dados também apontaram que Queiroz fez um depósito de 24 mil reais na conta da primeira-dama, Michele Bolsonaro.

O caso rapidamente despertou a suspeita de “pedágio” ou “rachadinha”, a prática de recolher parte dos salários de assessores, típica de parlamentares de baixo clero de assembleias e câmaras municipais Brasil afora. Com o relatório do Coaf em mãos, o MP-RJ passou a investigar se Queiroz guardava o dinheiro para si ou se entregava para o então deputado Flávio, hoje senador.

 

No período em que evitou prestar depoimento ao Ministério Público, Queiroz chegou a afirmar em uma entrevista amistosa ao SBT – canal que apoia o governo – que a movimentação era resultado de negócios de compra e venda de carros. “Eu sou um cara de negócios. Eu faço dinheiro, compro, revendo, compro, revendo, compro carro, revendo carro…”, disse ele, sem apresentar comprovantes ou registros dos automóveis.

Na semana passada, outro ex-assessor – que entregava 60% do seu salário para Queiroz – contou ao MP-RJ que fazia isso regularmente como forma de investimento. Ele disse que queria multiplicar o dinheiro no suposto esquema de compra e venda de carros. Investigadores afirmaram que a versão foi encarada como frágil e carente de comprovação.

No depoimento prestado por escrito ao MP-RJ, Queiroz voltou a evocar parte da história da revenda de carros contada ao SBT e ainda ampliou o leque dos seus supostos negócios, que agora incluem a venda de eletrodomésticos, roupas, bicos como segurança e intermediação de imóveis.

“Todo e qualquer produto que pudesse lhe garantir uma renda extra”, diz a petição. Segundo o depoimento, a alta movimentação na sua conta bancária pode ser explicada tanto por esses negócios paralelos quanto por ele “ser pai de uma família grande”.

De acordo com essa versão, Queiroz contou que, por ser conservador, sempre insistiu “em administrar o essencial das finanças do seu núcleo familiar”. Dessa forma, também recebia em sua conta os salários de sua mulher e de seus filhos.

De acordo com os jornais O Estado de S. Paulo e O Globo, Flávio Bolsonaro não quis se pronunciar sobre o depoimento do ex-assessor.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo