Política
MP pede investigação contra ministro de Lula após foto em carnaval fora de época
Márcio Macêdo e servidores foram fotografados em uma festa na cidade de Aracaju; passagens aéreas foram custeadas com dinheiro público
O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União pediu que a Corte investigue eventual desvio de finalidade na viagem realizada pelo ministro Márcio Macedo, chefe da Secretaria-Geral da Presidência, a Aracaju no final do ano passado para participação em uma festa privada.
A demanda foi enviada pelo subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado nesta quarta-feira. Agora, cabe à presidência do TCU decidir se abre ou não a apuração.
Além do petista, outros três servidores da pasta foram à capital de Sergipe, reduto eleitoral do ministro, ao Pré-Caju, uma espécie de carnaval fora de época que acontece em novembro, com passagens custeadas com dinheiro público.
No Portal da Transparência, contudo, a justificativa oficial é de que Macêdo e seus auxiliares estiveram em uma agenda no Instituto Renascer Para Vida – mas não há, por exemplo, registros desse compromisso nas redes sociais do ministro.
Somente as passagens de um assessor de imprensa custou ao menos 5.173,95 reais. A comitiva do governo federal saiu de Brasília no dia 2 de novembro e retornou à capital federal quatro dias depois.
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O objetivo do procedimento, destacou Furtado, seria investigar “possíveis condutas atentatórias à moralidade administrativa” no uso de verbas públicas para compra de passagens.
“A compra de passagens pelo Ministro Marcio Macedo para ‘curtir’, com seus apaniguados, as folias de carnaval fora de época no seu reduto eleitoral, atenta contra a moralidade administrativa e constitui evidente desvio de finalidade no uso de recursos públicos”, concluiu o procurador.
A compra das passagens com verba pública levou à saída da secretária-executiva da pasta, Maria Fernanda Coelho. A demissão foi publicada em edição do Diário Oficial da União desta quarta.
Cabia à ex-presidente da Caixa autorizar os gastos, mas ela divergiu – o bate-cabeça interno foi resolvido com uma canetada de Macêdo que se encarregou de liberar, ele próprio, o uso dos recursos.
Procurado pela reportagem, a Secretaria-Geral da Presidência negou ter havido “tratativa sobre quaisquer passagens nem diárias de viagem entre a ex-secretária e o ministro” e afirmou que a exoneração de Maria Fernanda se deu por questões pessoais.
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