Política

MP encontra terceiro endereço, ligado a Wassef, que serviu de abrigo a Queiroz

A partir de mensagens trocadas entre o ex-assessor e a esposa Márcia Oliveira de Aguiar, investigadores chegaram ao endereço em São Paulo

Flávio Bolsonaro e o ex-assessor, ex-amigo, ex-morista e ex-policial Fabrício Queiroz (Foto: Reprodução) Flávio Bolsonaro e o ex-assessor, ex-amigo, ex-morista e ex-policial Fabrício Queiroz. Ele contratava familiares de milicianos para trabalhar no gabinete do Flávio, mas este não sabia de nada. (Crédito: Reprodução)
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Novas mensagens encontradas nos celulares da família de Fabrício Queiroz, apreendidos pelo Ministério Público, revelam que o ex-assessor de Flávio Bolsonaro e seu filho fizeram uso de um terceiro endereço ligado a Frederick Wassef. Um apartamento em São Paulo, da empresária Maria Cristina Boner Leo, ex-mulher do advogado.

Até o momento, as investigações já tinham chegado a dois endereços utilizados como refúgio por Queiroz durante o ano passado, o sítio, em Atibaia, onde o ex-assessor foi preso, e apartamentos no Guarujá.

As mensagens de celulares que comprovam o acesso da localização começaram a ser trocadas na madrugada do dia 24 de novembro, segundo O Globo, que teve acesso exclusivo aos conteúdos.

De acordo com reportagem do site, no dia, às 00h15, Queiroz enviou uma mensagem para sua esposa Márcia Oliveira de Aguiar, via Whatsapp, dizendo que estava indo “para a casa do Anjo (codinome que as investigações apontam como sendo de Wassef). A mulher respondeu: “Felipe também? Tomara que tenha boas notícias”, questionou em referência ao filho do casal. Em seguida, Queiroz enviou para a esposa uma foto do filho sentado em um sofá branco com uma ampla sala ao fundo.

No mesmo dia, horas depois, Felipe enviou uma série de fotos de si mesmo para a mãe. Também as encaminhou para um amigo elogiando o apartamento.

A partir da localização do aparelho foi possível identificar que as mensagens foram enviadas da Rua Jerônimo da Veiga esquina com a Rua Emanuel Kant, no bairro Chácara Itaim, exato endereço do prédio onde Maria Cristina Boner possui um apartamento na capital paulista.

O casal, na época, ainda estava apreensivo com a possibilidade do compartilhamento de dados via Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e o MP, que levaria à abertura de investigação contra o então senador Flávio Bolsonaro e Queiroz. O caso estava em julgamento no Supremo Tribunal Federal. Dias depois, no entanto, o STF decidiu que era constitucional o compartilhamento e a investigação sobre o senador foi liberada depois de quatro meses paralisada por decisão judicial.

Para justificar o empréstimo de imóveis a Fabrício Queiroz, o advogado Wasseff tem dito que tentou proteger sua vida, já que havia em curso um plano de assassinato contra o ex-assessor. O Ministério Público, no entanto, não encontrou menções ao caso nas mensagens trocadas. O advogado encaminhou uma nota ao O Globo, em que nega ter abrigado Queiroz e seus familiares. “Pescam supostas mensagens de celular fora de contexto e tentam criar fantasias sobre as mesmas”, diz em um trecho.

Veja a nota na íntegra:

“Jamais abriguei Queiroz ou qualquer pessoa de sua família em qualquer propriedade minha ou de conhecidos meus na cidade de São Paulo. Não estive com Queiroz ou seu filho no referido endereço e nem levei ninguém lá. Minha ex-companheira não tem e nunca teve qualquer relacionamento com Queiroz e sua família assim como também nunca teve relacionamento com a família Bolsonaro. Ela não conhece Michele Bolsonaro e nunca estiveram juntas. Ela nao tem nada que ver com a minha profissão e meus clientes. Ela nada tem a ver com nenhum assunto ou tema relacionado a mim ou ao Presidente da República com quem nunca teve relação de amizade.

Ela é apenas, assim como eu, uma vítima desta campanha suja de mentiras e fake news. De forma criminosa e proposital alguma autoridade pública do Rio de Janeiro está vazando a conta gotas “supostas” informações de um procedimento que está em segredo de justiça. Se após uma perícia, ficar provado que, de fato, tais mensagens de celular não foram fraudadas ou manipuladas, elas devem ser analisadas dentro do contexto e na íntegra. Nunca tive acesso a este material, e não sei do que se trata. Sempre o Grupo Globo tem informações vazadas de autoridades que nem mesmo a defesa técnica teve acesso e isto deve ser investigado pelo Ministério Público do Rio e pelo CNMP. O filho de Queiroz nunca foi investigado e a apreensão de seu celular é ilegal e arbitrária, o que acarretará futuras nulidades.

Conforme inúmeras reportagens mostraram, após a prisão de Queiroz, apareceram vários outros personagens que deram entrevistas e afirmaram que estavam com ele direto e o ajudavam e cuidavam dele. Estas pessoas se encaixam com perfeição no papel de anjo. Nunca tive apelido de anjo e nunca fui chamado assim por ninguém. Após 2 anos e meio de investigação sem obter nada, pescam supostas mensagens de celular fora de contexto e tentam criar fantasias sobre as mesmas”.

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