Política

Mourão diz que bandeirantes e senhores de engenho eram ‘povo empreendedor’

Vice-presidente foi criticado por homenagear os responsáveis pela escravização de indígenas e povos africanos no Brasil Colônia

O General Hamilton Mourão, vice-presidente do Brasil. Foto: Suamy Beydoun/AGIF/AFP O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), cuja mulher é contratada pela Poupex. Foto: Suamy Beydoun/AGIF/AFP
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O general Hamilton Mourão comparou bandeirantes e senhores de engenho, historicamente considerados os primeiros responsáveis pelo genocídio indígena e pela escravidão de povos africanos, a um ‘povo empreendedor’ responsável por construir o País. O vice-presidente publicou pinturas históricas do Brasil Colônia nas redes sociais neste domingo 29 e foi criticado por homenagear colonizadores e escravistas.

A sequência de homenagens se iniciou no sábado 29, quando Mourão também relembrou a criação das capitanias hereditárias pelo rei de Portugal Dom João III. Para ele, este era o marco do nascimento do empreendedorismo no País devido ao uso de uma ‘avançada tecnologia da época’.

“Na data de hoje, em 1532, o Rei D. João III criava as #capitanias no #Brasil. Descoberto pela mais avançada #tecnologia da época, o País nascia pelo #empreendedorismo que o faria um dos maiores do mundo. É hora de resgatar o melhor de nossas origens”, escreveu Mourão. 

Leitores lembraram o general, porém, de que as capitanias hereditárias não foram projetos de sucesso no Brasil. A grande dimensão das terras distribuídas pela Coroa Portuguesa tornou inviável a ocupação efetiva do território por parte dos donatários.

As críticas também foram direcionadas ao conceito de ’empreender’ na visão da homenagem de Hamilton Mourão, que não citou a luta dos povos originários e de escravos na construção do Brasil.

Na publicação de domingo, o general continuou a relembrar os primórdios do Brasil Colônia e homenageou, além dos donatários, os ‘bandeirantes, senhores e mestres do açúcar, canoeiros e tropeiros’.

 

O vice-presidente ainda afirmou que o Brasil seguia um ‘destino manifesto de ser a maior democracia liberal do Hemisfério Sul’, referindo-se à doutrina norte-americana do século XIX, que afirmava que os Estados Unidos tinham um princípio divino de expandirem-se pelo território.

Novamente, leitores lembraram da realidade do Brasil escravocrata que era homenageado por Mourão. “Depois de chamar os donos de capitanias e os bandeirantes de empreendedores, em breve o General Mourão vai começar a chamar os escravizados de “nossos colaboradores”, escreveu um dos internautas. Outro perfil também publicou a ilustração de escravos em um moinho de cana-de-açúcar:

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