Política
Motta acusa Haddad de divulgar ‘narrativa falsa’ sobre o PL Antifacção
O ministro da Fazenda disse que a versão aprovada pela Câmara ‘enfraquece a PF e fragiliza a Receita’; o presidente da Câmara alega que o recurso redistribuído é pequeno e que o ministro faz ‘tempestade em copo d’água’
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), acusou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de divulgar ‘narrativa falsa’ sobre o PL Antifacção. A acusação aparece em um vídeo publicado nesta sexta-feira 21 pelo deputado nas redes sociais.
“Tem muita narrativa falsa sobre a aprovação do Marco Legal de Combate ao Crime Organizado [PL Antifacção]”, diz Motta na gravação enquanto o termo ‘fake news’ aparece em destaque nas imagens.
O político então anuncia que irá mostrar “algumas dessas mentiras” com “o grande especialista do tema, o ex-capitão do Bope, Rodrigo Pimentel”. O ex-policial aparece no vídeo e menciona especificamente uma declaração de Haddad sobre o projeto. “O ministro Haddad diz que o PL enfraquece a Polícia Federal no trecho que define o destino dos bens confiscados pela Polícia”, destaca. A declaração citada foi dada pelo ministro na quarta-feira 19. O presidente Lula (PT) usou argumento semelhante para também criticar a versão do PL aprovada na Câmara.
Haddad sustenta que as mudanças propostas no parecer de Guilherme Derrite (PP) aprovado pelos deputados “asfixiam financeiramente” a PF e também prejudicam as operações aduaneiras no Brasil, executadas pela Receita Federal, ao mexerem na destinação de bens apreendidos do crime organizado. A proposta prevê que os valores sejam redistribuídos conforme a atuação das forças de segurança, o que mexeria nos fundos usados pela PF para operações.
Pimentel, por sua vez, diz que o ministro mente ao dizer que elas gerariam grande impacto nas verbas. Ele menciona que a mudança mudaria a distribuição de apenas 4%, ou 110 milhões de reais. Motta, sem citar nominalmente o ministro, volta à tela para defender a alteração. “Tudo o que é da PF continua sendo da PF”, diz. “[Redistribuir] é justo, até porque nós precisamos fortalecer as nossas polícias estaduais”, completa.
O deputado finaliza, então, dizendo que “tem muita tempestade em copo d´água” nas críticas sobre o tema.
Haddad, convém registrar, não respondeu à acusação divulgada por Motta nesta sexta. O ministro, porém, é um dos membros do governo que trabalha para que o projeto seja alterado no Senado. Além deste ponto, o Planalto quer mudar o conceito de “organização criminosa ultraviolenta” criado no projeto, retomar os mecanismos de infiltração e proteção de agentes retirados por Derrite no texto e recuperar o acesso rápido a dados e instrumentos de cooperação internacional.
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