Moro se apropria da transferência de líderes do PCC para mostrar força

Ação capitalizada pelo ministro da Justiça é, na verdade, fruto do trabalho do Ministério Público de São Paulo

Marcos Camacho, o Marcola: de Presidente Wenceslau para Brasília

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A transferência de líderes do PCC, ação que acabou capitalizada pelo governo como a primeira ofensiva de Sergio Moro contra as facções criminosas, é, na verdade, obra do Ministério Público de São Paulo e da polícia do Estado. Em outubro, o serviço de inteligência paulista interceptou um plano cinematográfico para resgatar Marcola e outros líderes da facção.

O plano previa investimento milionário em milícias que – com o auxílio de explosivos, armamento pesado e aviões – invadiriam o presídio de Presidente Venceslau e libertariam o chefe máximo do Primeiro Comando da Capital.

Os criminosos bloqueariam a rodovia Raposo Tavares, que margeia a Penitenciária 2 de Venceslau. Enquanto isso, outras equipes atacariam o CPI-8 (Comando de Policiamento do Interior 8), em Presidente Prudente, e o 42º Batalhão de Polícia Militar do presídio. Um antigo comparsa de Marcola, conhecido como Fuminho, estaria treinando os “soldados” da ação na Bolívia.

Doria x França

O governador João Doria (PSDB) acusou seu antecessor, Márcio França (PSB), de não cumprir decisão judicial. Não é bem assim. A Justiça só atendeu ao pedido do MP-SP na semana passada, sob anuência de Doria. Nesta quarta 13, Marcola e outros 21 membros do PCC foram transferidos a três presídios federais.

O Ministério Público Estadual de São Paulo pediu a transferência no dia 28 de novembro. França e o então secretário de Segurança foram contra, temendo reações violentas como a onda de ataques que deixou 564 mortos em 2006.

No dia 14 de dezembro, o TJ-SP negou o pedido alegando que, como o plano havia sido revelado pela Folha de S. Paulo, a segurança estava comprometida. “A divulgação pública simplesmente destruiu o sigilo imprescindível para a possível adoção da transferência da cúpula organização criminosa”, dizia a decisão.


No fim das contas, a transferência, que abriu a parceria BolsoDoria, acabou caindo no colo de Sergio Moro como um presente em meio a um governo que tanto tem de novo quanto de confuso.

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