O pré-candidato à Presidência pelo Podemos, Sergio Moro, embolsou cerca de 200 mil reais por um parecer de 54 páginas que produziu para o magnata israelense Beny Steinmetz, no âmbito de um processo judicial contra a Vale. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.
Beny tenta provar que a Vale sabia dos riscos do contrato de exploração da mina em Simandou, na República da Guiné, quando fechou o negócio com sua empresa, em 2010. O israelense reuniu um rol de supostas evidências na tentativa de demonstrar que a mineradora teria mentido ao Tribunal Arbitral em Londres, onde conseguiu uma sentença favorável de 2 bilhões de dólares contra o empresário.
O parecer de Moro, emitido em novembro de 2020 em papel timbrado do escritório Wolff Moro Sociedade de Advocacia, menciona que, “caso a investigação confirme os fatos apresentados pelo Consulente e não sejam apresentadas escusas idôneas pelos investigados, os executivos da Vale S/A teriam, em tese, prestado afirmações falsas e ocultado fraudulentamente do mercado e de seus acionistas as reais condições do negócio celebrado com a BSGR acerca dos direitos de exploração sobre Simandou e sobre os motivos da rescisão posterior”.
O empresário israelense já foi alvo de investigação por corrupção e lavagem de dinheiro em Israel, Suíça, Estados Unidos e na própria Guiné. Chegou a ser preso provisoriamente e nega até hoje as acusações.
No mês seguinte à redação, Moro foi contratado pela consultoria norte-americana Alvarez & Marsal, administradora judicial do processo de recuperação do Grupo Odebrecht – empresa alvo do então juiz Moro durante a Lava Jato. A empresa recebeu no mínimo 42,5 milhões de reais de companhias investigadas pela operação.
Em abril de 2021 – cinco meses após o parecer – a Vale informou que o Ministério Público Federal decidiu arquivar o caso. As investigações, porém, prosseguem no Rio de Janeiro, estado em que Beny protocolou notícia-crime contra a mineradora.
À Folha de S.Paulo, Moro preferiu não se manifestar nesta quinta 27. A Vale, por sua vez, alegou que o magnata israelense “tem criado versões falaciosas e feito afirmações inverídicas contra a Vale em relação ao caso de Simandou, em uma clara tentativa de inverter o papel de vítima e tentar se furtar de suas responsabilidades pela prática de ilícitos”.
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