A manifestação bolsonarista na Avenida Paulista, no domingo 25, revelou também sua estratégia. Tanto o resultado do ato quanto o que ele revelou mostraram um jogo de ambiguidades. Por um lado, o evento foi defensivo, veio imantado pelo medo das investigações conduzidas pela Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de Estado. Medo também dos julgamentos do Supremo Tribunal Federal acerca dos atos e iniciativas ligados a essa tentativa. O risco de prisão da cúpula cívico-militar dessa conspirata e do próprio Jair Bolsonaro é real. Por outro lado, a magnitude da manifestação, independentemente das controvérsias sobre o número de participantes, indica a força política e mobilizadora mantida pelo bolsonarismo. Trata-se de um ato que quer manter a iniciativa da disputa política nas mãos da extrema-direita. Nisso, foi exitoso.
A estratégia da ambiguidade parece ter sido uma escolha deliberada dos promotores do evento. Essa estratégia defensiva/ofensiva revelou-se também nos discursos. Bolsonaro encarnou a defensiva: pouco atacou, assumiu o figurino do “pacificador” e propôs a anistia aos participantes dos atos golpistas. Coube ao pastor Silas Malafaia partir para o ataque. O ministro Alexandre de Moraes e o STF foram os alvos preferidos. Sobrou também para o governo Lula.
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