Política
Moraes prorroga inquérito sobre possível interferência de Bolsonaro na PF
Ministro também pede manifestação da PGR sobre necessidade de o presidente prestar depoimento


O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou nesta sexta-feira 27 por 60 dias o inquérito que investiga possível interferência política do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal.
Moraes, relator do inquérito desde a aposentadoria de Celso de Mello, também estabeleceu o prazo de cinco dias para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se pronuncie sobre a necessidade de Bolsonaro prestar depoimento sobre o caso.
Na quinta-feira 26, o presidente abriu mão de depor e pediu que o processo seja encaminhado para a produção do relatório final. Ao receber a manifestação da PGR, Moraes decidirá se aceita a dispensa da oitiva e o encaminhamento da conclusão do caso.
O inquérito foi instaurado a partir das acusações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro. Ao deixar o cargo, em abril, Moro afirmou que Bolsonaro tentou interferir na PF por meio da demissão de Maurício Valeixo do posto de diretor-geral, a fim de proteger aliados e familiares.
Ainda na quinta-feira 26, a defesa de Moro disse ter recebido “com surpresa” a decisão de Bolsonaro de declinar do depoimento. “A negativa de prestar esclarecimentos, por escrito ou presencialmente, surge sem justificativa aparente e contrasta com os elementos reunidos pela investigação, que demandam explicação por parte do Presidente da República”, diz a nota da defesa.
O presidente, desde o início, nega as acusações.
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