Política

Moraes mantém sigilo sobre vídeos da delação de Cid

O magistrado tornou pública a transcrição dos depoimentos, mas decidiu manter os vídeos restritos para preservar os servidores envolvidos na audiência

Moraes mantém sigilo sobre vídeos da delação de Cid
Moraes mantém sigilo sobre vídeos da delação de Cid
Depoimento para CPMI do golpe do tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro. Foto Lula Marques/Agência Brasil
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, manteve o sigilo dos vídeos da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid. Na manhã desta terça-feira, o magistrado tornou pública a transcrição dos depoimentos prestados pelo militar à Polícia Federal no ano passado.

A íntegra das gravações só deve ser compartilhada com as defesas envolvidas no caso e para o Ministério Público. De acordo com Moraes, o sigilo visa garantir a privacidade e segurança dos servidores e dos juízes auxiliares que participaram das audiências. Na colaboração, Cid relatou pontos importantes para a investigação sobre a articulação golpista para reverter o resultado das eleições de 2022.

Foi com base nessas e outras informações colhidas pela PF que a Procuradoria-Geral da República denunciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais de 30 pessoas por envolvimento no caso. Ele é apontado como líder da organização criminosa que planejava prender ministros do STF, eliminar adversários e instituir um Estado de Defesa para se manter no poder após a derrota para Lula.

Ao liberar o conteúdo da delação, o magistrado escreveu: “A manutenção geral do excepcional sigilo da colaboração premiada não mais se justifica na preservação ao interesse público, pois não é mais necessária, nem para preservar os direitos assegurados ao colaborador, nem para garantir o êxito das investigações”.

Com a apresentação da denúncia, as defesas dos acusados têm 15 dias para se manifestar. Em seguida, Moraes deve submeter a denúncia a julgamento na Primeira Turma do STF, onde os ministros decidem se tornam os acusados réus ou não pelos crimes apontados.

Somente após esse rito inicia-se a fase de instrução do processo, quando são colhidas outras provas e ocorrem os depoimentos das partes. Também é nesta etapa que as defesas podem pedir a realização de diligência e perícias em elementos encontrados pela PF, além da nulidade de provas.

Uma vez encerrada a instrução do caso, o relator elabora seu voto e leva o caso a julgamento. Não há prazo para isso acontecer.

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