Modelo de privatização da Eletrobras tem ‘cheiro ruim de falta de moralidade’, diz Rui Costa

Na semana passada, a AGU questionou no Supremo Tribunal Federal o peso do voto da União no processo de desestatização da empresa

O ministro da Casa Civil, Rui Costa. Foto: Evaristo Sá/AFP

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O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que a privatização da Eletrobras, realizada durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), “tem um cheiro ruim de falta de moralidade” e negou que a intenção do governo Lula (PT) seja a de rever a venda e atrapalhar investimentos no Brasil. As declarações foram concedidas em entrevista à GloboNews nesta quarta-feira 10.

“O presidente quer estimular toda a participação privada. Agora, nós temos que ajustar aquilo que tem um cheiro ruim de falta de moralidade”, disse. “O processo de privatização da Eletrobras é antiético, não está no edital de privatização, não é legítimo do ponto de vista ético. Quem fez essa norma em setembro e outubro do ano passado está trabalhando em instituições financeiras, que são as que mais compram precatórios. Isso precisa ser questionado.”

Na semana passada, a Advocacia-Geral da União questionou no Supremo Tribunal Federal o peso do voto do Estado no processo de privatização da Eletrobras. A argumentação é de que o voto não é proporcional à participação pública na companhia. O órgão não pede a reestatização, mas uma suspensão da restrição de votos da União.

“O povo brasileiro – não é o Lula, não sou eu, é o povo brasileiro– detém 43% das ações da Eletrobras, e em im arranjo inusitado eles disseram que, apesar de o governo ter 43% das ações, só vota no máximo o correspondente a 10%”, prosseguiu o ministro. “O que a AGU está fazendo é justamente questionar isso juridicamente. Tanto essa questão da participação das ações públicas na Eletrobras, quanto o caso dos precatórios.”

Durante a entrevista, Costa aproveitou para destacar que a taxa de juros pode ser parcialmente responsável pelo baixo crescimento da economia. O atual estágio da Selic, em 13,75% ao ano, é alvo de críticas de lideranças do governo e da indústria.

Para o ministro, a indicação do economista Gabriel Galípolo para a diretoria de política monetária do Banco Central colaborará com uma “reflexão melhor” sobre a Selic. “O que está faltando para o Brasil acelerar seu crescimento? É ter juros mais baixos”, pontuou. “É importante botar jovens talentosos, muito capazes, como é o Gabriel no Banco Central, para ele ajudar a uma reflexão melhor do Banco Central e para que possamos chegar a um juro que se compare ao resto do mundo.”


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