Política

Ministros do STF se incomodam com silêncio de Nunes Marques sobre caso de outro bolsonarista

Decisão que devolveu mandato ao deputado Valdevan Noventa (PL-RJ) permanece válida

Ministros do STF se incomodam com silêncio de Nunes Marques sobre caso de outro bolsonarista
Ministros do STF se incomodam com silêncio de Nunes Marques sobre caso de outro bolsonarista
Coelhos. O STF ainda não saiu da moita. Medo dos generais? - Imagem: Nelson Jr./STF
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O desfecho dado pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) ao caso do deputado estadual bolsonarista Fernando Francischini (União-PR) colocou pressão no ministro Kassio Nunes Marques para que reveja outra decisão que beneficiou um aliado do presidente Jair Bolsonaro. No mesmo dia que devolveu o mandato a Francischini, Nunes Marques fez o mesmo em favor do deputado federal Valdevan Noventa (PL-RJ) — que também havia sido cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Enquanto a liminar que beneficiava Francischini foi derrubada e a cassação determinada em outubro de 2021 novamente restabelecida, a decisão provisória sobre Noventa ainda está em vigor. A situação, porém, tem incomodado uma ala de ministros do STF, segundo relatos feitos ao GLOBO.

Na avaliação de parte da Corte, alguma medida deveria ser adotada a respeito da liminar dada no caso de Noventa, nos moldes do que ocorreu com o caso envolvendo Francischini, quando a ministra Cármen Lúcia, relatora de uma ação que questionava a decisão de Nunes Marques, decidiu levar o caso para julgamento no plenário virtual.

No Supremo, já há um mandado de segurança contra a decisão que restaurou o mandato de Noventa, apresentado pelo ex-deputado federal Márcio Macedo (PT-SE). Macedo era suplente do deputado federal e foi destituído do cargo na última sexta-feira, por decisão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em cumprimento da liminar concedida pelo ministro do STF. Para os ministros incomodados com a vigência da liminar que alterou a decisão do TSE, a solução poderia ser derrubá-la no plenário virtual.

Em uma outra frente, alguns ministros já trabalham para convencer Nunes Marques a reconsiderar a decisão dada no caso de Noventa. Na avaliação desses magistrados, há um desgaste causado pelo fato de a liminar reverter uma decisão da Corte Eleitoral.

A cassação do mandato de Noventa foi decidida pelo TSE em março, ocasião em que houve análise de processo que tratava de abuso de poder econômico e compra de votos. Em abril, a Câmara acatou a decisão da Corte eleitoral e retirou o mandato do parlamentar.

Os motivos para a cassação dos parlamentares pelo TSE, porém, foram diferentes. Noventa perdeu o mandato após ser condenado por captação de recursos ilícitos, de fontes proibidas e não declarados. As investigações mostraram que seus cabos eleitorais aliciaram dezenas de moradores de municípios sergipanos – inclusive beneficiários do Bolsa Família – para simular doações ao candidato.

Já Francischini foi julgado por ataques ao sistema eleitoral e às urnas eletrônicas, quando em 2018 fez uma live durante o primeiro turno das eleições de 2018, na qual afirmou, sem provas, que as urnas eletrônicas estavam fraudadas para impedir a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência da República. Bolsonaro, como se sabe, foi eleito com mais de 57 milhões de votos. A decisão que cassou o bolsonarista é considerada emblemática para a Justiça Eleitoral.

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