Política

Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite reproduz política de Ricardo Salles, dizem especialistas

A única diferença era que Salles era verborrágico, e o Leite fica quieto. As ações são as mesmas

Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite reproduz política de Ricardo Salles, dizem especialistas
Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite reproduz política de Ricardo Salles, dizem especialistas
O novo ministro, Joaquim Leite, “está ali como fantoche” (FOTO: MMA)
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A substituição de Ricardo Salles por Joaquim Leite no comando do Ministério do Meio Ambiente não trouxe mudanças significativas na atual política ambiental do governo, segundo especialistas e dirigentes de ONGs ouvidos pelo GLOBO.

Mesmo com as chuvas constantes, que costumam frear a devastação florestal, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 430 quilômetros quadrados de alertas de desmatamento em janeiro deste ano. É quatro vezes mais do que no mesmo mês de 2021, quando Salles ainda era ministro, e Leite, secretário da Amazônia e Serviços Ambientais.

Apesar disso, integrantes do governo destacam, como fator positivo, o temperamento discreto de Leite, que foge de polêmicas e holofotes, ao contrário de Salles, cujo perfil era mais belicoso.

A preservação da biodiversidade e a redução do desmatamento da Amazônia são a senha para que o Brasil seja considerado apto a ingressar como membro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o chamado “clube dos ricos”.

A continuidade, na prática, da gestão Salles se mostra, por exemplo, segundo ambientalista, no mesmo perfil da diretoria de órgãos de fiscalização, formada majoritariamente por policiais ou militares aposentados.

Para o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, nada mudou.

— Salles não saiu do ministério por causa do desempenho, mas por problemas com a Justiça — afirmou, antes de comparar o atual ministro e seu antecessor: — A única diferença era que Salles era verborrágico, e o Leite fica quieto. As ações são as mesmas.

Ex-ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc destacou, como medidas prejudiciais da gestão Leite, o decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro, na semana passada, que instituiu o Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Mineração Artesanal e em Pequena Escala (Pró-Mapa). A seu ver, a medida incentiva o garimpo ilegal.

Miguel Scarcello, secretário-geral da SOS Amazônia, avalia que não existe hoje no governo federal uma política de conservação florestal:

— O que existe é uma agenda de concessões. O governo quer votar no Congresso uma pauta liberal, com a participação mínima do Estado. A Amazônia está a Deus dará.

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