Política

Ministério Público pede prisão preventiva do deputado bolsonarista Lucas Bove, acusado de agredir a ex

O órgão alega que ele descumpriu medidas protetivas; o parlamentar nega as acusações

Ministério Público pede prisão preventiva do deputado bolsonarista Lucas Bove, acusado de agredir a ex
Ministério Público pede prisão preventiva do deputado bolsonarista Lucas Bove, acusado de agredir a ex
O deputado estadual Lucas Bove (PL-SP). Foto: Redes Sociais/Reprodução
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O Ministério Público de São Paulo pediu à Justiça a prisão do deputado estadual bolsonarista Lucas Bove (PL-SP), acusado de violência doméstica contra a ex-esposa, a influenciadora Cíntia Chagas. O pedido vem depois de acusação de que o ex-deputado descumpriu medidas protetivas, o que ele nega.

A CartaCapital, o MPSP confirma que ofereceu a denúncia, e destacou que o caso corre em segredo de Justiça. Bove já foi alvo de pedido de cassação de mandato, mas o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) negou e arquivou o caso no último mês de agosto.

Nas redes sociais, o parlamentar se manifestou sobre o pedido de prisão. Em seu perfil no Instagram, onde se apresenta orgulhosamente como “bolsonarista”, ele compartilhou manchete de notícia sobre a manifestação do Ministério Público e reclamou que ficou sabendo pela imprensa.

Se referindo à ex como “a outra parte”, ele criticou “a militância feminina que alcançou o poder público” e disse que foi Cíntia quem descumpriu medidas impostas pelo judiciário ao se manifestar sobre o tema. Ele segue negando que tenha agredido fisicamente a ex.

“Estou em paz, pois, além de ter a consciência limpa, confio na Justiça e tenho fé de que a juíza será justa ao analisar tanto o pedido de prisão quanto a única narrativa que parmaneceu de pé (violência psicológica)”, escreveu, aproveitando o foco para tecer loas a Jair Bolsonaro e usar expressões comuns do léxico bolsonarista, como “narrativas” e “quem lacra, não lucra”.

Cíntia Chagas também foi às redes sociais após o pedido do Ministério Público. Ela compartilhou trechos de textos jornalísticos sobre o caso e cobrou o presidente da Assembleia Legislativa paulista, deputado André do Prado (PL-SP): “a Alesp continuará a abrigar um parlamentar indiciado pelo Ministério Público e pela polícia por agredir uma mulher?”, indagou.

“Recebo a decisão com serenidade e inabalável confiança na Justiça. Trata-se de um homem público, e é moralmente inaceitável que agressores de mulheres permaneçam investidos em funções de poder. A violência contra a mulher não se circunscreve à esfera privada: constitui crime e afronta à dignidade humana. Que a lei siga o seu curso e que, como sempre, a verdade prevaleça”, escreveu a influenciadora.

A denúncia

As acusações contra Bove vieram a público após o fim do casamento entre os dois, em 2024. O deputado, formado em Administração e Comércio Exterior, foi eleito como em 2022 com 130.451 votos.

As agressões e ameaças foram reveladas pelo colunista Léo Dias em seu blog. Ele teve acesso a um boletim de ocorrência registrado pela ex-mulher e a um pedido de medida protetiva contra o deputado. Os dois documentos foram registrados por Cíntia Chagas no início de setembro de 2024.

Segundo o depoimento da influenciadora à polícia, o relacionamento com Bove, iniciado em 2022, foi marcado por comportamentos abusivos. As agressões teriam começado ainda durante o namoro, quando o deputado exigia controle sobre as atividades dela, solicitando chamadas de vídeo para monitorar onde ela estava. O casamento, oficializado em uma cerimônia na Itália, durou apenas três meses.

O boletim de ocorrência relata que, em um dos episódios, Bove teria jogado uma faca na direção da ex-esposa, ferindo sua perna, e ameaçado “queimar seu corpo”. Em outra ocasião, o parlamentar bolsonarista teria demonstrado ciúmes e acusado Cíntia de querer encontrar homens ricos ao se matricular em uma academia. Ele ameaçou terminar o relacionamento caso ela prosseguisse com a inscrição.

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