Ministério da Agricultura pede revisão de guia alimentar que sugere redução de ultraprocessados

O Ministério da Agricultura enviou uma nota técnica ao Ministério da Saúde pedindo a revisão do “Guia Alimentar para a População Brasileira”, principalmente no que se refere à redução no consumo de alimentos ultraprocessados.

O documento, assinado por Luís Eduardo Rangel e Eduardo Mazzoleni, respectivamente diretor e coordenador do Departamento de Análise Econômica e Políticas Públicas da Secretaria de Política Agrícola do ministério, classifica como “confusa e incoerente” a parte do guia que recomenda evitar alimentos ultraprocessados, como biscoitos de pacote, salgadinhos, refrigerantes e macarrões instantâneos. O texto da Agricultura ainda afirma que a recomendação “impede ampliar a autonomia das escolhas alimentares”.

A nota do Ministério da Agricultura também pede que o guia seja submetido a uma revisão com a participação de “setores especializados na ciência dos alimentos”, citando como exemplo engenheiros de alimentos.

Nesta quinta-feira 17, o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP), que ajudou na elaboração do Guia Alimentar, se manifestou contra a nota técnica do Ministério da Agricultura.

De acordo com o Nupens/USP, “tais críticas se resumem a afirmações não amparadas por qualquer evidência científica”.

O núcleo ainda rebate a afirmação do ministério de que o guia brasileiro seria “um dos piores do mundo”.

“Assim não pensam organismos técnicos das Nações Unidas, como a FAO, a OMS e o UNICEF, que consideram o Guia brasileiro um exemplo a ser seguido. Assim não pensam os Ministérios da Saúde do Canadá, da França, do Uruguai, do Peru e do Equador, que têm seus guias alimentares e suas políticas de alimentação e nutrição inspirados no Brasil”, completou o Nupens/USP.

Lançado em 2014 pelo Ministério da Saúde, o Guia Alimentar oferece informações sobre alimentação e saúde com base em uma classificação que divide os alimentos de acordo com o nível de processamento em sua produção, além de alertar sobre doenças como obesidade e diabetes.