Política

Ministério aciona a PF para investigar ONGs que não entregam quentinhas

A pasta de Wellington Dias, responsável pelo programa Cozinha Solidária, mandou equipes a São Paulo para fiscalizar as organizações

Ministério aciona a PF para investigar ONGs que não entregam quentinhas
Ministério aciona a PF para investigar ONGs que não entregam quentinhas
O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
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O Ministério do Desenvolvimento Social pediu à Polícia Federal, nesta quinta-feira 6, a abertura de um inquérito para apurar os gastos de ONGs contratadas para distribuir marmitas nas ruas de São Paulo. A solicitação ocorre após o jornal O Globo revelar que as organizações não entregaram as quentinhaas e que uma delas sequer possui estrutura para preparar as refeições.

“As denúncias apontadas estão sendo objeto de averiguação e o MDS já enviou uma equipe ao local nesta quinta, que ficará pelo tempo que for necessário, vistoriando todas a unidades denunciada”, informou a pasta comandada por Wellington Dias (PT). Outros órgãos de fiscalização, a exemplo da Controladoria-Geral da União, também analisarão as suspeitas.

A ação Cozinha Solidária, lançada em novembro pelo governo federal para contemplar 12 estados, contratou a ONG Mover Helipa para tocar o projeto em São Paulo. A organização é chefiada por José Renato Varjão, que já trabalhou para o deputado federal Nilto Tatto (PT-SP) e para o deputado estadual Ênio Tatto (PT-SP).

Varjão, por sua vez, contratou diversas cozinhas solidárias na capital paulista, várias delas ligadas a atuais ou a ex-assessores de parlamentares petistas, para entregar 4.583 refeições por mês durante um ano. A Cozinha Solidária Madre Teresa de Calcutá, no Jardim Varginha, zona sul, é comandada por Paula Souza Costa, assessora do ex-vereador de São Paulo Arselino Tatto (SP).

De acordo com o jornal, o local não tem estrutura para produção ou distribuição de marmitas. A organização usou fotos de outro endereço em relatório para o governo federal. A reportagem apurou que a distribuição das marmitas começou em janeiro, mas aponta que a entidade assinou um recibo de 11 mil reais alegando ter prestado o serviço em dezembro.

A Cozinha Solidária Unidos Pela Fé, em Sapopemba, na zona leste, é chefiada por Claudinei Florêncio Dias, também ex-assessor de Arselino. Dias reconheceu que ainda não havia entregado qualquer marmita, embora o contrato tenha sido assinado em dezembro para execução imediata. Ele também assinou o recibo de 11 mil reais pela prestação do serviço no mês.

Outra cozinha solidária, na zona norte, cabe a Anderson Clayton Rosa, atual assessor de Nilto Tatto. Contratada para entregar 4.583 marmitas, a organização disse ter disponibilizado só 400 em janeiro.

A Cozinha Solidária Divino Espírito Santo, em Sapopemba, está em nome de um ex-auxiliar do deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT). Ela também foi contratada para preparar 4.583 marmitas, mas funcionários disseram que a produção é inferior.

Os parlamentares citados afirmam não ter relação com a contratação das ONGs. Ênio e Arselino sustentam que os assessores podem inscrever as entidades em programas sem passar por “prévio conhecimento, aprovação ou acompanhamento”. Luiz Fernando Teixeira também disse que não esteve envolvido na contratação. Nilto não se manifestou.

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