Milícia privada e associação criminosa. Assim a Polícia Federal classificou a atuação de um servidor da Funai, um policial militar e um ex-PM presos durante a Operação Res Capta, deflagrada na Terra Indígena Marãiwatsédé, “tomada de assalto” pelo grupo que, fortemente armado, cobrava propina de pecuaristas que invadiram a reserva. A maior parte da propina era repassada ao cacique xavante Damião Paridzané, de 69 anos, que chegou a faturar 10 milhões de reais no último ano, além de desfilar com uma caminhonete Toyota Hilux SW4 avaliada em 380 mil, enquanto seu povo seguia vivendo conforme os costumes da tribo, na natureza. O veículo era um regalo de um criador de gado em atraso nos pagamentos.
O esquema criminoso evolui rápido, atestam os investigares. Em 2017, o grupo faturava 200 mil reais mensais com o “arrendamento” de 35 lotes. Os milicianos decidiram, então, concentrar o negócio em poucos, mas ricos pecuaristas. Expulsaram os “maus pagadores”, redesenharam as áreas arrendadas e conseguiram fazer o negócio render 900 mil reais por mês com apenas 15 clientes. A estratégia foi tão exitosa que o bando planejava fazer uma nova remodelação, aumentando a cobrança sobre os dez empresários escolhidos a dedo para permanecer no território indígena. Com isso, planejavam faturar até 1,5 milhão de reais por mês até meados do ano, reduzindo o desgaste com a cobrança dos eventuais inadimplentes.
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