Em menos de duas semanas de greve da Polícia Militar na Bahia, 157 pessoas foram assassinadas na capital, Salvador, e região metropolitana. Assombroso, o número é quase o dobro do índice de homicídios registrados na localidade em condições “normais”.
A tragédia não ocorre por acaso. Em declaração ao jornal Folha de S.Paulo, o diretor do Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa, Arthur Gallas, disse que milícias bancadas por comerciantes para manter a ordem na periferia estão por trás desses assassinatos. Os crimes acontecem, segundo ele, no vácuo do policiamento provocado pela greve.
“Esses grupos estão se aproveitando da greve, que reduziu o policiamento, para ‘limpar’ a área e matar quem estava incomodando”, disse Gallas ao jornal.
De acordo com a reportagem, os alvos são usuários de drogas, moradores de rua e desafetos das milícias que antes controlavam as áreas mais violentas.
A suspeita é que os grupos paramilitares operem sob proteção das próprias polícias de Salvador.
A greve teve início na semana passada, quando policiais decidiram cruzar os braços por aumento salarial. A situação levou o governador do estado, Jaques Wagner, a pedir apoio de forças federais para reforçar o policiamento, sobretudo em Salvador, cidade que nesta época do ano recebe milhares de turistas por causa do Carnaval, a maior festa popular do País.
Na sexta-feira, após uma assembleia, os policiais militares decidiram manter a paralisação e marcaram uma nova reunião para sábado 11, para decidir o futuro do movimento.