O presidente Jair Bolsonaro voltou a se referir a uma das Forças Armadas como “sua”, durante transmissão ao vivo nesta quinta-feira 1, um dia após a troca nos comandos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.
“Meu Exército brasileiro não vai às ruas para agir contra o povo”, afirmou o presidente, ao lado do novo ministro da Cidadania, João Roma.
Bolsonaro criticava as medidas sanitárias aplicadas por governadores e prefeitos que, segundo ele, “têm poderes mais restritivos que um estado de sítio”. O presidente defendeu, especialmente, a liberação da realização de cultos religiosos. Também pediu que o Supremo Tribunal Federal “reveja certas posições”.
“Esse excesso de poder absoluto, mais que o estado de sítio, para governadores e prefeitos, isso realmente não dá para a gente admitir”, declarou.
“Isso vai ter limite um dia. Não pode continuar acontecendo essas coisas e assistindo passivamente isso daí.”
Em seguida, após uma fala do ministro da Cidadania sobre o auxílio emergencial, Bolsonaro se queixou dos efeitos econômicos dos decretos de isolamento social e disse que as Forças Armadas não auxiliarão no cumprimento das medidas.
“E eu quero repetir aqui. O meu Exército brasileiro não vai às ruas para agir contra o povo ou para fazer cumprir decretos de governadores e prefeitos”, afirmou. “O meu Exército, enquanto eu for presidente, não vai. O que estão esperando acontecer?”, completou.
O presidente também defendeu a nomeação de Walter Braga Netto para o Ministério da Defesa e rejeitou críticas de que está “politizando” as Forças Armadas. O general substituiu Fernando Azevedo e Silva na chefia da pasta.
“Quando [o Ministério da Defesa] estava sendo aparelhado com gente do PT e do PCdoB, ninguém falava nada”, disse.
Ao fim da live, Bolsonaro voltou a exaltar a ditadura militar e citou Roberto Marinho, fundador das Organizações Globo, como apoiador do golpe de 1964 e criticou a decisão da empresa de pedir desculpas pela posição em 2013.
“Violentaram a memória do senhor Roberto Marinho”, afirmou Bolsonaro.
Também criticou a instauração da Comissão Nacional da Verdade, pelo governo de Dilma Rousseff (PT), criada para apurar crimes contra a humanidade cometidos na ditadura militar.
“Como se você pudesse acreditar que o PT tivesse algum compromisso com a verdade”, ironizou.
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