Política

‘Meu couro é grosso’, diz Bolsonaro em discurso

Apesar dos cortes de verbas da Capes, o presidente voltou a ressaltar as importância das pesquisas

O presidente Jair Bolsonaro. Foto: Evaristo Sá/AFP
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O presidente Jair Bolsonaro minimizou o desgaste político que sofre em meio às acusações de irregularidades na compra de vacinas contra a covid-19, e durante discurso na 1º Feira de Grafeno Brasileira, declarou nesta sexta-feira, 9: “quanto às pressões que eu enfrento, fiquem tranquilos, meu couro é grosso”.

Em seguida, o presidente voltou a defender a implementação do voto impresso no pleito de 2022. “O que eu mais quero são eleições limpas, para que nós possamos, sim, garantir a vontade popular”, disse para o público presente. Nesta manhã, Bolsonaro já tinha reafirmado o discurso e renovado os ataques ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, a quem chamou de “imbecil”.

Ele também associou ataques de opositores às indicações técnicas de seu governo para as pastas do governo federal. “Há pouco tempo, esse ministério que ocupa o Marcos Pontes era rifado diante de partidos políticos. O último ministro que ocupou essa pasta não sabia a diferença entre gravidade e gravidez”, disparou. O presidente já tinha utilizado essas palavras para se referir ao ex-ministro de Ciência e Tecnologia Gilberto Kassab (PSD-SP).

Durante sua fala, Bolsonaro também ressaltou a necessidade do investimento em pesquisa para que o Brasil supere o status de”fornecedor de commodities”. Não é fácil nós evoluirmos em ciência e tecnologia. Geralmente tem alguém na nossa frente. Agora uma grande fresta apareceu na nossa frente, um grande horizonte”, disse.

O presidente reservou cerca de duas horas e meia de sua agenda nesta sexta-feira para participar da Feira Brasileira do Grafeno onde assistiu a demonstrações de produtos fabricados a partir da matéria-prima. Enquanto percorria os estandes acompanhado do ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, a CPI da Covid avançava nas investigações sobre supostas irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin.

Na CPI, o depoente do dia, o consultor técnico do Ministério da Saúde William Santana revelou ter identificado vários erros na documentação enviada pela Precisa Medicamentos, empresa encarregada da intermediação do negócio, ao Ministério da Saúde. Mostrou ainda um e-mail no qual a companhia cobrava agilidade na importação com “anuência” da Secretaria Executiva da pasta, chefiada na ocasião pelo coronel Elcio Franco.

 

A crise institucional se agrava à medida que a comissão apura detalhes das denúncias de superfaturamento do valor de imunizantes e favorecimento ilícito a empresas privadas. Bolsonaro, no entanto, ignora as repercussões e aposta suas fichas na radicalização de seu núcleo duro de apoiadores, com os quais tem afinado discurso sobre o voto impresso e fraudes eleitorais não comprovadas. Amanhã, fará mais um passeio de moto com apoiadores em Porto Alegre e na região metropolitana da cidade, assim como fez no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Chapecó.

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