Metrô de Belo Horizonte é privatizado em leilão com lance único

No início do mês, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, e outros membros do partido acionaram a Justiça Federal pela suspensão do processo

Foto: Divulgação/CBTU

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A Comporte Participações S.A. venceu o leilão de concessão do Metrô de Belo Horizonte e será responsável pelo serviço por 30 anos. O pregão ocorreu nesta quinta-feira 22.

O leilão teve apenas um lance, de 25.755.111 reais, o que representa um ágio de 33% (o valor mínimo exigido era de 19.324.304,67 reais). A Comporte era a única proponente interessada.

O edital prevê a ampliação da linha atual em aproximadamente 2,45 quilômetros e a construção de uma nova estação. Projeta ainda o desenvolvimento da linha 2, com cerca de 10,5 quilômetros e sete estações, a serem entregues a partir do quarto ano de contrato.

Para a realizar as atividades, a empresa vencedora receberá cerca de 3,2 bilhões de reais de recursos públicos: 2,8 bilhões da União, já depositados, e 440 milhões a partir de um acordo firmado com a Vale sobre Brumadinho.

Após o certame, o governador Romeu Zema (Novo) alegou que pressões políticas teriam sido a razão de o leilão contar com apenas uma empresa interessada.

“Os investidores ficaram um tanto quanto receosos, talvez com os movimentos que aconteceram recentemente de partidos e de algumas entidades tentando inviabilizar ou impedir esse leilão”, afirmou, em entrevista.


No início do mês, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, e outros membros do partido acionaram a Justiça Federal pela suspensão do processo de privatização.

Segundo os petistas, os 2,8 bilhões de reais da União gerariam uma despesa futura, a ser assumida pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Isso contrariaria a Lei de Responsabilidade Fiscal, na avaliação do partido.

O PT também argumentou que a privatização “está sendo realizada às pressas pela gestão do Poder Executivo Federal que está nos seus dois últimos meses de governo, portanto está sendo feita ‘à queima de estoque’ no ‘apagar das luzes'”.

O leilão também enfrentou a resistência de trabalhadores do setor. O Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais reivindica a manutenção dos empregos de aproximadamente 1.600 funcionários. A categoria está em greve desde 14 de dezembro.

“O Metrô de Belo Horizonte opera há mais de 30 anos com poucos investimentos, e a história contada à população é de que só haverá melhorias, como a expansão, se ele for privatizado. Esta é uma mentira, pois os novos proprietários, se fizerem melhorias, será com dinheiro público já separado pelo governo com este objetivo”, defendeu o Sindimetro.

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