Política

‘Mete a faca’: A ofensiva do governo Lula contra o Centrão após derrota na MP do IOF

Onze das doze vice-presidências da Caixa estão sob avaliação e podem ser trocadas; a presidência, ligada a Arthur Lira, deve ser poupada

‘Mete a faca’: A ofensiva do governo Lula contra o Centrão após derrota na MP do IOF
‘Mete a faca’: A ofensiva do governo Lula contra o Centrão após derrota na MP do IOF
A ministra Gleisi Hoffmann, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o presidente Lula. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
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O governo Lula (PT) iniciou uma ampla ofensiva contra o Centrão após a derrota na MP do IOF, que previa alternativas de arrecadação para compensar a perda de receitas até 2026. A medida foi retirada de pauta na Câmara dos Deputados na última quarta-feira 8, o que resultou em perda de validade e frustração de receitas estimadas em 17 bilhões de reais.

O movimento de retaliação está sendo comandado pela ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), com aval direto de Lula, que se encontra em Roma, na Itália. Segundo auxiliares do Planalto, o presidente deixou Gleisi encarregada de “reorganizar” a base governista e rever cargos indicados por partidos ‘infiéis’.

A operação atinge principalmente a Caixa Econômica Federal, onde 11 das 12 vice-presidências estão sob análise e podem ser trocadas nos próximos dias. A presidência do banco, entretanto, deve permanecer inalterada: Carlos Vieira é considerado indicação pessoal do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e, segundo fontes do governo, não deve ser demitido. A vice-presidência restante é de indicação do PT.

As primeiras demissões já foram efetivadas desde sexta-feira 10. Foram exonerados:

  • José Trabulo Júnior, consultor da presidência da Caixa, ligado ao presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI);
  • Paulo Rodrigo de Lemos Lopes, vice-presidente de Sustentabilidade e Cidadania Digital da Caixa, indicado pelo PL;
  • Wellington Reis de Sousa, superintendente de Agricultura no Maranhão, indicado pelo PSD;
  • Juliana Azevedo Bianchini, superintendente de Agricultura no Paraná, também do PSD;
  • Jesus de Nazareno Magalhães de Sena, superintendente de Agricultura no Pará, indicado pelo PSD;
  • Everton Augusto Paiva Ferreira, superintendente de Agricultura em Minas Gerais, igualmente indicado pelo PSD;
  • Igo Gomes Brasil, superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em Roraima, ligado ao MDB.

As exonerações atingem diretamente partidos que votaram contra o governo na MP, entre eles PP, PSD, MDB, PL e Republicanos. 

A ofensiva ganhou contornos mais explícitos após uma entrevista do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), ao podcast de política cearense As Cunhãs, na última sexta-feira. Guimarães relatou que participou de uma reunião com Lula e Gleisi e afirmou que a ministra iria “meter a faca” nos cargos do Centrão: “O Lula disse: ‘Gleisi, você agilize e mexa no vespeiro da Caixa Econômica para começar’. E, evidentemente, eles estão apavorados”, declarou o deputado.

Guimarães antecipou que a ação provocará um “rebuliço do tamanho do mundo” e que, a partir de agora, o governo entrará em uma “nova fase” política, concentrando-se em votar o orçamento, aprovar poucos projetos prioritários e preparar o terreno para as eleições de 2026.

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