Política

Audiência do governo Lula sobre mudanças da Meta fica para semana que vem

A empresa de Mark Zuckerberg, responsável pelo Facebook e pelo Instagram, foi cobrada após anunciar mudanças na moderação de conteúdo

Audiência do governo Lula sobre mudanças da Meta fica para semana que vem
Audiência do governo Lula sobre mudanças da Meta fica para semana que vem
Mark Zuckerberg, o 'chefão' da Meta. Foto: Drew Angerer/AFP
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O governo Lula (PT) adiou para semana que vem a audiência pública anunciada para discutir os efeitos da nova política de moderação de conteúdo da Meta, controladora do Facebook e do Instagram. Inicialmente, a Advocacia-Geral da União informou que o evento ocorreria nesta quinta-feira 16. Horas depois, no entanto, a pasta argumentou ser necessário ter mais tempo para a organização e a confirmação dos participantes.

Marcarão presença na audiência, ainda sem data definida, órgãos governamentais e entidades da sociedade civil ligados às redes sociais, além de especialistas, acadêmicos e representantes das agências de checagem de fatos.

Inicialmente, o fim da checagem de fatos nas redes sociais da Meta valerá apenas para os Estados Unidos, mas a big tech não descarta a adoção do modelo de notas da comunidade em outros países.

O governo federal vê com preocupação o pacote de mudanças, reforçou nesta terça a AGU, braço jurídico do governo federal. Na noite da segunda-feira 13, a pasta recebeu as respostas enviadas pela empresa após uma notificação extrajudicial.

Em nota oficial, a Advocacia-Geral afirmou que alguns aspectos do documento de resposta “causam grave preocupação” a diversas instâncias do governo, especialmente a confirmação da adoção, no Brasil, de uma Política de Conduta de Ódio que “pode representar terreno fértil para violação da legislação e de preceitos constitucionais que protegem direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros”.

Essa nova política mencionada permite, na prática, a associação entre o público LGBTQIAP+ e doenças mentais. Na resposta encaminhada ao governo brasileiro, a companhia sustenta que as atualizações anunciadas “procuram simplificar o conteúdo da política, de modo permitir um debate mais amplo e conversas sobre temas que são parte de discussões em voga na sociedade”.

A Meta afirmou ainda que está “profundamente comprometida com a liberdade de expressão, direito humano fundamental que permite o exercício de muitos outros direitos”. Reconheceu, no entanto, que “formas abusivas do exercício desse direito podem causar danos, especialmente para grupos vulneráveis”.

A AGU também alertou que alguns pontos no ofício da Meta contrariam afirmações de representantes da companhia durante as discussões sobre o Marco Civil da Internet no Supremo Tribunal Federal.

“No entendimento da AGU e de ministérios que atuam no tema, os atuais termos de uso das plataformas, assim como as mudanças informadas agora pela Meta, não estão adequados à legislação brasileira e não são suficientes para proteção dos direitos fundamentais da cidadania”, complementa o texto divulgado.

As informações enviadas pela empresa de Mark Zuckerberg são uma resposta a uma notificação extrajudicial protocolada pela AGU na última sexta-feira 10. Na ocasião, o governo reagiu aos anúncios feitos pelo empresário sobre mudanças no programa de checagem de fatos. No lugar, a Meta informou que adotará um sistema de notas da comunidade, por meio do qual os próprios usuários fariam as devidas correções. Trata-se de um instrumento semelhante ao utilizado pelo X, de Elon Musk.

Ao governo, a empresa disse que o programa de verificação de fatos será extinto, inicialmente, apenas nos Estados Unidos, onde o sistema de notas da comunidade será testado antes de eventualmente chegar a outros países.

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