Política
Memorial da Resistência, em São Paulo, exibe filme sobre freira presa na ditadura
O documentário será transmitido no Dia Internacional das Mulheres


Neste sábado 8, quando se celebra o Dia Internacional das Mulheres, o Memorial da Resistência, na capital paulista, vai exibir o documentário Madre, que narra a história de Maurina Borges da Silveira, uma freira franciscana presa, torturada e exilada pela ditadura militar brasileira.
Contada em audiência Comissão da Verdade da Assembleia Legislativa de São Paulo em 2013, a história de Madre Maurina é considerada uma das mais emblemáticas da ditadura brasileira. “Envolveu todas as instituições, todos os sentimentos, toda a dignidade feminina, toda a dignidade da sociedade”, disse, na ocasião, Denise Assis, jornalista, pesquisadora da vida da madre e autora do livro Imaculada.
Madre Maurina era diretora do Lar Santana, um orfanato para meninas em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, e foi presa em 25 de outubro de 1969. A acusação era de que ela acobertava militantes da Frente Armada de Libertação Nacional (FALN), que se reuniam e imprimiam material, considerado subversivo à época, no porão do Lar Santana. Mas, segundo o que se apurou na Comissão da Verdade, a madre não sabia que o grupo, que ocupava o porão do orfanato, fazia parte da resistência armada.
O documentário Madre é dirigido por duas mulheres, as documentaristas Ana Paula Pinheiro e Marcela Varani. Boa parte da equipe é formada também por mulheres.
Para contar a história, as documentaristas ouviram apenas mulheres: religiosas, historiadoras, jornalistas e ex-presas políticas.
“Mais de 50 anos depois do que aconteceu com Maurina, sua história ainda carrega perguntas e rumores nunca esclarecidos. O filme revisita locais por onde a freira passou desde a prisão em Ribeirão Preto, passando pelo exílio no México, até seus últimos dias. Áudios e arquivos em vídeo, muitos deles inéditos, enriquecem o roteiro, resgatando atrocidades do regime militar no Brasil, enfatizando reflexões sobre o papel das mulheres na resistência e fazendo um paralelo com o que vivemos hoje na democracia brasileira”, informa o material de publicidade do filme.
O documentário foi produzido pela NuOlhar filmes, com apoio de arquivos da Cinemateca Brasileira, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e da TV Cultura, além da cessão de músicas de Chico Buarque, Gilberto Gil e Paulo César Pinheiro.
A exibição do filme começa às 15h, seguida por debate com as documentaristas. A entrada é gratuita. Mais informações podem ser obtidas no site do Memorial da Resistência.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

STF derruba portarias de Bolsonaro que cassavam anistia de militares afastados pela ditadura
Por CartaCapital
O crime que a ditadura não conseguiu explicar: livro expõe os bastidores do assassinato de Rubens Paiva
Por André Lucena e Thais Reis Oliveira
‘Brigada 31 de março’: União acata MPF e vai trocar nome de infantaria que homenageia ditadura militar
Por CartaCapital