Política

Meirelles, o plano B de Dilma para a Fazenda

Presidente do Banco Central no governo Lula, Henrique Meirelles já é cogitado pela presidenta. Nelson Barbosa, ex-número 2 da pasta, iria para o Planejamento

A presidenta Dilma Rousseff avalia indicar o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para a Fazenda
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Dilma Rousseff já admite dar ao ministério da Fazenda uma solução distinta da que tinha em mente ao deixar Brasília para descansar por uns dias no fim da semana passada. Em vez de nomear Nelson Barbosa, ex-número 2 da pasta, a presidenta avalia indicar Henrique Meirelles, presidente do Banco Central no governo Lula (2003-2010). Caso opte por ele, Barbosa seria designado ministro do Planejamento.

Dez dias após sua dura reeleição, Barbosa e Meirelles são as duas únicas opções consideradas por Dilma para o comando da economia, segundo um auxiliar presidencial. Soprado a partir do Instituto Lula, o nome do presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, não foi cogitado a sério por Dilma, pela ligação instantânea dele com o sistema financeiro, satanizado pela campanha petista. A revelação pelo jornal Folha de S. Paulo de que o Bradesco e o Itaú envolveram-se em uma operação de elisão fiscal em Luxemburgo parece ter sepultado qualquer chance de viabilizar o banqueiro.

Embora Dilma tenha uma preferência pessoal e filosófica por Barbosa, ela passou a considerar o nome de Meirelles por causa do nível de deterioração da economia. Em dois gabinetes ministeriais do Palácio do Planalto, acredita-se que a situação está pior do que parecia. Dados extra-oficiais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada revelados nesta quarta-feira 5 mostram que o número de miseráveis voltou a subir em 2013, depois de uma década de queda. Principal bandeira eleitoral petista, o desemprego só estaria em um nível historicamente baixo porque jovens estão preferindo estudar mais, antes de buscar uma ocupação.

Em seu primeiro discurso público desde o pronunciamento oficial pela reeleição, Dilma listou nesta quarta-feira 5 o que seriam suas quatro prioridades econômicas. As três primeiras pareciam mirar o empresariado e o sistema financeiro, setores ansiosos pela escolha do novo ministro da Fazenda: aceleração do crescimento, combate à inflação e responsabilidade fiscal. A geração de emprego e renda era o quarto item da lista.

O discurso de Dilma foi feito durante reunião com dirigentes do PSD, por coincidência, o partido de Meirelles. O ministeriável fez carreira no BankBoston, onde trabalhou por 24 anos e chegou a presidente mundial da instituição. Aposentou-se em 2002 para concorrer a deputado federal pelo PSDB de Goiás. São essas as credenciais para a eventual escolha dele para a Fazenda: entende o sistema financeiro, com o qual o governo Dilma é praticamente rompido, e tem trânsito junto à oposição, cujos ânimos contra o Planalto estão acirrados devido à disputa eleitoral.

Caso Dilma decida-se por Meirelles na Fazenda e Barbosa no Planejamento, estará se aproximando de uma fórmula usada por Lula no início de seu governo, em 2003. Na época, ele colocou na Fazenda um político (Antonio Palocci), cuja missão era dialogar com o empresariado e a oposição e tomar medidas pedidas pelo sistema financeiro. E botou no Planejamento um economista formulador e desenvolvimentista, Guido Mantega. Quando resolveu dar uma guinada desenvolvimentista no governo, no embalo da crise do “mensalão”, Lula trocou Palocci por Mantega, que na ocasião estava à frente do BNDES, o principal banco estatal de fomento.

A presidenta não anunciará nada antes da reunião do G20, o grupo dos vinte países mais ricos do mundo, marcada para os dias 15 e 16, na Austrália. Segundo um auxiliar, é possível que o retrato da economia global visto por Dilma no encontro influencie os pensamentos dela sobre a escolha para a Fazenda.

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