Mayra Pinheiro contradiz Pazuello e nega hackeamento do TrateCov

Secretária mantém versão de que jornalista teria 'deturpado' o funcionamento do aplicativo, mas não explica por que ele não voltou ao ar

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

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Em depoimento à CPI da Covid nesta terça-feira 25, a secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, desmentiu a acusação feita pelo ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello de que o aplicativo TrateCov, lançado em Manaus (AM) para orientar médicos em relação ao tratamento da Covid-19, teria sido “hackeado” por um jornalista, o que teria levado a uma suspensão do uso do programa.

 

 

No entanto, Pinheiro acusou o profissional de ter feito uma “extração indevida de dados” com a consequência de “trazer um prejuízo às pessoas que poderiam ser beneficiadas” e não explicou por que o aplicativo não voltou a ser disponibilizado após a comprovação de que não houve invasão ao sistema. A secretária ainda afirmou que a palavra “hacker” é apenas um “termo de leigos”.

“Todos nós, leigos, e eu também me coloco nessa posição, não sou técnica de informática, sou leiga, a primeira ideia que nós fazemos quando a gente escuta que alguém invadiu um dispositivo é chamado de hackeamento. Ele não conseguiu hackear. Foi uma extração indevida de dados. Não é hackeamento o termo. O termo utilizado é um termo de leigos.”


Na versão de Pazuello, o jornalista tinha “roubado, hackeado, manipulado” o sistema, o que justificou o pedido para a retirada do ar. “Ele [o jornalista] pegou esse diagnóstico, botou, alterou com, com dados lá dentro, e colocou na rede pública. Quem colocou foi ele, tentou no boletim de ocorrência, eu vou disponibilizar. Essa é mais uma revelação da CPI. Isso aí nem o povo amazonense, nem o povo brasileiro sabia”, acusou o ex-ministro.

Para o senador Renan Calheiros (MDB-AL), a declaração de Pazuello foi “outra mentira” contada à comissão. Questionada pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), sobre por que o Ministério não recolocou o aplicativo no ar quando soube que ele não havia sido hackeado, a secretária citou uma suposta necessidade de investigação.

O jornalista Rodrigo Menegat acessou os dados abertos do aplicativo – ou seja, os “comandos” pré-definidos para o funcionamento do aplicativo – que estavam disponíveis por meio da página de divulgação do TrateCov, feita pelo próprio ministério, e realizou simulações com os parâmetros já estabelecidos pelos técnicos da pasta.

Outro jornalista também publicou em sua página no Twitter uma simulação feita na época diretamente no site indicado pelo Ministério da Saúde como a plataforma de acesso ao TrateCov.

 

 

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