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Mauro Vieira vai aos EUA às vésperas da entrada em vigor do ‘tarifaço’; saiba o que está em jogo
Chanceler vai a Nova York para tratar do conflito no Oriente Médio, mas aguarda sinal verde da Casa Branca para negociação
Em meio à tensão comercial com os Estados Unidos, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, desembarcou no domingo 27 em Nova York, num momento que pode ser decisivo para os rumos da política externa brasileira. Embora oficialmente participe de reuniões na ONU sobre a crise no Oriente Médio, o ministro está à disposição para negociar uma solução para o tarifaço imposto por Donald Trump — caso haja sinal verde da Casa Branca para o diálogo.
Segundo o anúncio de Trump, a tarifa de 50% para produtos brasileiros importados pelos EUA entra em vigor nesta sexta-feira 1º. O governo dos EUA afirma que o prazo não será postergado. A medida foi anunciada como retaliação do governo Trump ao que avalia como uma ‘caça às bruxas’ contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alvo de processo por tentativa de golpe no Supremo Tribunal Federal (STF).
Mauro Vieira permanecerá nos Estados Unidos até quarta-feira 30. A depender da disposição dos norte-americanos, ele poderá estender sua viagem a Washington. Caso contrário, o chanceler retorna ao Brasil.
Fontes ouvidas pelo jornal Folha de S. Paulo indicam que não há, até o momento, perspectiva de um encontro direto entre Vieira e representantes da administração Trump. Ainda assim, o Palácio do Planalto tem reforçado sua intenção de negociar – no domingo, o ministério da Indústria, Desenvolvimento, Comércio e Serviços reiterou que a postura brasileira é de busca por diálogo, mas a soberania do país é ‘inegociável’.
A ofensiva diplomática brasileira não começou agora. Em maio, antes mesmo do anúncio do novo tarifaço, o governo Lula encaminhou uma carta a Washington com propostas para um possível acordo, incluindo concessões e pedidos de isenção para determinados produtos. Mais recentemente, Vieira e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) enviaram outro documento ao governo dos EUA, expressando indignação com os termos usados por Trump e cobrando uma resposta.
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