Política

Marina assume Meio Ambiente, repudia ‘boiada’ de Bolsonaro e quer reverter condição de ‘pária’ do Brasil

Segundo a nova ministra, os anos do ex-capitão no poder foram marcados pelo desrespeito ao patrimônio socioambiental do País

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o presidente Lula. Foto: Sergio Lima/AFP
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A ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva (Rede-SP), assumiu o cargo formalmente nesta quarta-feira 4, durante cerimônia em Brasília. A solenidade lotou o Salão Nobre do Palácio do Planalto e a organização teve de abrir um segundo espaço para abrigar convidados.

Participaram da cerimônia, entre outros, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, além de ministros do governo Lula (PT), como Rui Costa (Casa Civil) e Cida Gonçalves (Mulheres).

“Sou tomada pela preocupação, o estarrecimento e a tristeza ao ver que este Palácio foi palco, nos últimos anos, de vários atos contra a democracia, o povo, a ciência, a saúde, o meio ambiente, os interesses estratégicos e econômicos do Brasil. Enfim, contra a própria vida”, afirmou Marina no início de seu discurso.

Segundo ela, os anos de Jair Bolsonaro (PL) no poder foram marcados pelo desrespeito ao patrimônio socioambiental do País.

“Povos indígenas e quilombolas sofreram a invasão de seus territórios. Nossas Unidades de Conservação foram atacadas por pessoas que se sentiam autorizadas pelo mais alto escalão do governo. Boiadas passaram no lugar onde deveriam passar apenas políticas de proteção ambiental”, prosseguiu.

Ao atestar “um profundo processo de enfraquecimento e esvaziamento dos órgãos de proteção ambiental” desde 2019, afirmou que o Brasil, “antes um expoente ator na esfera global, passou a ser visto como um pária ambiental”.

Marina anunciou a recriação da Secretaria Nacional de Mudança Climática e a formação da Autoridade Nacional de Segurança Climática. Também será criado um Conselho sobre Mudança do Clima, a ser comandado por Lula, com a participação de todos os ministérios, de representantes da sociedade civil, dos estados e dos municípios.

“O Conselho será o locus central da concertação e da pactuação das políticas brasileiras sobre mudança do clima e vai além da esfera federal”, afirmou. O País também terá uma Secretaria Extraordinária de Controle do Desmatamento e Ordenamento Territorial e Fundiário, anunciou a nova ministra.

Já a Autoridade Nacional terá o objetivo de produzir subsídios para o cumprimento de metas e a supervisão de instrumentos, programas e ações ligados à política nacional sobre mudança climática. A submissão da proposta para criar a autarquia deve ocorrer até o final de abril.

Marina ainda confirmou a criação das secretarias da Bioeconomia; da Gestão Ambiental Urbana e Qualidade Ambiental; e dos Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Rural Sustentável. Haverá, ainda, a retomada do controle pelo MMA do Serviço Florestal Brasileiro e da Agência Nacional de Águas e a recuperação do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal.

Nascida em Rio Branco (AC), Marina Silva foi vereadora, deputada estadual e senadora pelo Acre. Em 2022, foi eleita deputada federal por São Paulo.

Ela chefiará pela segunda vez o Ministério do Meio Ambiente, função que desempenhou entre 2003 e 2008. Historiadora, foi uma das fundadoras da Central Única dos Trabalhadores no Acre, ao lado do seringueiro Chico Mendes.

Assista à cerimônia de posse de Marina Silva:

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