Política

Margareth Menezes rebate matéria que aponta dívida milionária com os cofres públicos

Segundo a artista, reportagem da revista Veja reforça ‘criminalização do setor cultural’; o veículo indicou irregularidades com órgãos do Estado

Margareth Menezes rebate matéria que aponta dívida milionária com os cofres públicos
Margareth Menezes rebate matéria que aponta dívida milionária com os cofres públicos
A futura ministra da Cultura Margareth Menezes. Foto: Evaristo Sá/AFP
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A assessoria da futura ministra da Cultura Margareth Menezes rebateu informações publicadas pela revista Veja, nesta sexta-feira 16, e negou que ela tenha acumulado uma dívida milionária com os cofres públicos.

Em nota, a cantora declarou não ser verdadeira a informação de que ela tem uma dívida superior a 1 milhão de reais, resultado de supostas pendências com a Receita Federal, a Previdência Social e o próprio Ministério da Cultura. Além disso, afirmou que a matéria “reforça o que foi vivido nos últimos anos no Brasil, período marcado por um ataque permanente e criminalização do setor cultural”.

De acordo com o veículo, uma organização não-governamental liderada por Menezes, a Associação Fábrica Cultural, foi condenada pelo Tribunal de Contas da União, em dezembro de 2020, a devolver 338 mil reais aos cofres públicos referentes a supostas irregularidades em um convênio assinado em 2010.

O convênio foi firmado ainda no segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entre a ONG de Margareth Menezes e o Ministério da Cultura, para a realização de um seminário sobre “culturas identitárias”.

O orçamento do evento era de 1 milhão de reais, e o contrato, segundo a reportagem, previa que o ministério liberaria 757 mil reais, enquanto a ONG arcaria com o resto.

Porém, uma inspeção da prestação de contas do convênio teria identificado irregularidades como a cotação fictícia de preços, a contratação de serviços sem detalhamento, pagamentos por serviços não realizados, pagamentos a pessoas com vínculo na administração pública e superfaturamento de compras. Além disso, a ONG não teria disponibilizado os recursos acertados como contrapartida.

Segundo o veículo, o TCU observou ainda um pagamento suspeito de 120 mil reais a uma empresa chamada Foco Entretenimento, que pertencia a duas diretoras da própria ONG de Margareth Menezes, o que seria proibido por lei.

Isso teria sustentado uma determinação do TCU para que a ONG devolvesse o dinheiro, o que não teria ocorrido. Além disso, a associação teria sido inscrita no Cadastro de Inadimplentes e impedida de assinar novos convênios com a administração pública.

Além disso, a Receita Federal estaria cobrando 1,1 milhão em dívidas tributárias e previdenciárias. O montante estaria relacionado a impostos não recolhidos de duas empresas da cantora, a Estrela do Mar Produções Artísticas e a MM Produções e Criações. Segundo a reportagem, auditores perceberam que a cantora recolhia o INSS dos empregados, mas não os repassava à Previdência, o que seria crime.

Em nota, a assessoria da cantora disse que “jamais sofreu qualquer condenação do TCU” e que “a artista não é parte no processo, não foi indicada como responsável pelo TCU e não há qualquer condenação contra a sua pessoa”.

Segundo o texto, o julgamento do TCU apresentou o entendimento de que teria ficado comprovada a execução integral do evento e a aplicação dos recursos repassados pela União. A responsabilização teria se dado apenas pela constatação de impropriedades na documentação apresentada como prestação de contas. Além disso, os débitos imputados estariam sendo negociados com a Advocacia-Geral da União.

A manifestação diz ainda que a defesa da Fábrica Cultural deve entrar com um recurso no TCU para comprovar a regularidade da prestação de contas e reivindicar a revisão do julgamento.

Em relação à Receita Federal, a nota diz que a artista possui cotas em empresas que, “como qualquer outra pequena empresa no Brasil, passou e passa por momentos de dificuldades”.

A dívida tributária teria sido acentuada na pandemia, mas os pagamentos têm sido regularizados com a “retomada gradativa das atividades”, o que refutaria o valor divulgado pela Veja.

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