Um manifestante foi preso com ordem judicial pela Polícia Civil na manhã desta quinta-feira, 24. Esta é a primeira prisão de um investigado no inquérito 01/2013, conhecido como “inquérito dos black blocs”. Segundo o delegado Wagner Giudice, uma nova investigação foi aberta para que ele pudesse ser preso devido à depredação de uma loja.
Nascido em Recife, o professor da rede pública Jefte Nascimento, 30 anos, já havia sido detido ao menos duas vezes em protestos.Na tarde desta quinta-feira 24, foi montado um teatro no Departamento de Investigações Sobre Crime Organizado (DEIC) para mostrar o manifestante . As roupas de Jefte Nascimento foram distribuídas em frente à imprensa. Ao lado, um vídeo mostrava um manifestante com a mesma roupa enquanto quebrava a janela de uma agência bancária em um protesto no dia 29 de junho.
Os advogados André Zanardo e Breno Tardelli, do grupo Advogados Ativistas, disseram que foram impedidos de acompanhar o depoimento de Nascimento, que chorava diante do escrivão. O delegado Wagner Giudice, diretor do Deic, disse que não iria discutir com os advogados pois seriam “muito jovens”.
Na coletiva, o delegado disse que Nascimento vai responder pelos crimes de depredação de patrimônio e associação criminosa, que podem leva-lo a até oito anos de prisão. A associação criminosa ocorre, segundo ele, pelo fato de ele estar presente em diversos protestos que tiveram depredações. “Entra na página do Facebook dele para ver, é lá que eles se organizam,” resumiu o delegado.
Em depoimento à Folha de S. Paulo, publicado há dois meses, Nascimento disse que havia sido agredido por policiais diversas vezes. “Em um dos protestos de professores, fui colocar a faixa em frente à Secretaria Estadual de Educação e um policial me bateu com um cassetete. Tentaram me fazer desmaiar apertando o meu pescoço. No percurso para a delegacia, encheram a viatura de spray de pimenta e fecharam.” Jefte também disse sempre ter participado de ocupações, e que a casa dos seus pais foram conseguidas assim.
Conduzido pelo Deic, o inquérito foi questionado por juristas e movimentos sociais. Eles argumentam que o inquérito é ilegal política e juridicamente, pois dizem que uma investigação deve ser aberta para apurar crimes, mas esta é voltada para investigar as manifestações de forma genérica.