Política
Major bolsonarista preso por desobediência já havia sido punido por comemorar golpe de 64
Nas redes sociais, João Neves se apresenta como pré-candidato a deputado federal e usa diversas referência ao universo militar na pré-campanha


O major João Paulo da Costa Araújo Neves, de 41 anos, preso por desobedecer a recomendação do Exército que proíbe manifestações político-partidárias, tem planos de concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados.
Nas redes sociais, ele se apresenta como pré-candidato a deputado federal e usa diversas referência ao universo militar na pré-campanha. Neves foi preso preventivamente na última quinta-feira 5 por ignorar alertas dos superiores e continuar a usar os perfis no Facebook, Instagram e Twitter como plataformas eleitorais e para fazer críticas ao Exército.
“A hierarquia e disciplina estão extremamente abaladas, considerando as reiteradas condutas praticadas, mesmo após diversas orientações e apurações disciplinares”, escreveu o juiz Rodolfo Menezes, da 10ª Circunscrição Judiciária Militar, ao manter a prisão após audiência de custódia.
O oficial da ativa costuma manifestar apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL), além de divulgar e participar de eventos políticos. Há publicações a favor da gestão da pandemia e do perdão concedido ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). Ele também chegou a chamar o ministro Alexandre de Moraes, um dos principais alvos da militância bolsonarista no Supremo Tribunal Federal (STF), de “cabeça de ovo”.
No último dia 31 de março, aniversário do golpe militar de 1964, que inaugurou a ditadura no Brasil, o major compartilhou publicações feitas por ele no ano anterior. Em vídeo, Neves afirma que sofreu punição disciplinar pelo conteúdo, mas reitera as postagens.
“Em 1964 detivemos o comunismo, mas os mesmos marginais daquela época têm atormentado nosso País nos últimos 30 anos. Vamos mandar essa cambada embora novamente”, diz uma das imagens repostadas.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

‘Bolsonaro e o autoritarismo sofrerão um golpe em outubro: o golpe da eleição democrática’, diz Lula
Por CartaCapital
Bolsonaro mente ao dizer que o Brasil ‘é um dos países em que menos subiu o preço das coisas’; veja os números
Por CartaCapital
Randolfe questiona TSE sobre auditoria nas urnas anunciada por Bolsonaro
Por Marina Verenicz