O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que não tem dúvidas de que houve crime por parte do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, por ações indevidas na gestão da pandemia. A declaração foi feita nesta segunda-feira 25, durante coletiva de imprensa.
Maia declarou que defende a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito da Saúde, porque a Câmara não tem a prerrogativa de pedir um impeachment do ministro.
“Em relação ao ministro, eu não tenho dúvida nenhuma de que já tem crime. Pelo menos o ministro da Saúde já cometeu crime”, disse o presidente da Câmara.
Para Maia, configuram crime a “irresponsabilidade” de recomendar tratamento precoce contra a Covid-19, não responder à oferta de vacina pela farmacêutica Pfizer e não se aliar ao Instituto Butantan para acelerar a produção da Coronavac. Também lembrou que Pazuello é alvo de um pedido de investigação pela Procuradoria-Geral da República – em seguida, o ministro decidiu ir a Manaus por tempo indeterminado.
O presidente da Câmara afirmou que “a questão da vacina tem um impacto muito grave” na economia, porque haverá aumento no índice de mortos e de desempregados pela Covid-19. Ele culpou a “insegurança que o governo vem passando” pela projeção de menos de 3% de crescimento econômico, a expectativa que seria a mais otimista.
Maia também criticou Bolsonaro por não articular com o Congresso pautas como as reformas administrativa e tributária e a venda de empresas estatais.
“No ano passado, o governo abriu mão da agenda de reformas. Atrasou a administrativa, encaminhou a PEC emergencial e nunca votou, e sempre foi contra a reforma tributária”, disse. “O governo abriu mão das privatizações. Nunca tratou de nenhuma privatização conosco. A única que está aqui é da Eletrobras.”
O deputado também lançou argumentos contrários ao furo do “teto de gastos”, limite orçamentário imposto às despesas públicas desde o governo de Michel Temer (MDB). Apesar de se mostrar sensível à prorrogação do auxílio emergencial, ele diz preferir a aprovação das reformas do Estado.
“Nenhuma solução emergencial, do ponto de vista de gasto extraordinário, vai ser aceita de forma tranquila por aqueles que acreditam e investem no nosso país”, afirmou, em referência à reação do mercado.
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