Mundo
‘Maduro é um problema da Venezuela, não do Brasil’, diz Lula após distanciamento entre os países
O presidente, que foi alvo de hostilidades da polícia bolivariana nas redes, tem evitado tratar do tema nas últimas semanas


O presidente Lula (PT) voltou a comentar, brevemente, a contestada reeleição de Nicolás Maduro na Venezuela, após várias semanas evitando tratar do assunto. O silêncio sobre o antigo aliado, quebrado neste domingo 10, se deu desde que ele foi alvo de uma publicação hostil feita pela polícia bolivariana. Os dois países se distanciaram desde o conturbado pleito.
Para Lula, Maduro não é um problema do Brasil, mas sim da Venezuela. Na conversa, o brasileiro emendou que não pretende mais “ficar se preocupando” com o país vizinho.
“Eu aprendi que a gente tem que ter muito cuidado quando a gente vai tratar de outros países e de outros presidentes. Eu acho que o Maduro é um problema da Venezuela, não é um problema do Brasil”, disse Lula em entrevista aos senadores Jorge Kajuru (PSB-GO) e Leila Barros (PDT-DF), exibida na RedeTV!.
“Eu quero que a Venezuela viva bem, que eles cuidem do povo com dignidade. Eu vou cuidar do Brasil, o Maduro cuida dele e o povo venezuelano cuida do Maduro. E vamos seguir em frente. Porque também não posso ficar me preocupando“, completou o presidente na conversa.
Ainda sobre o tema, Lula explicou que não fez, nem pretende fazer, questionamentos sobre a decisão da Suprema Corte da Venezuela de declarar Maduro reeleito, mesmo sem as atas. A postura, diz, é para evitar ataques internacionais a instituições brasileiras.
“Nós fizemos uma nota, junto com a Colômbia, dizendo da nossa inquietação de não ter prova do resultado eleitoral. Maduro deveria ter mandado as atas para o Conselho Nacional Eleitoral, que foi criado por ele próprio, que tinha dois membros da oposição e três do governo. Ele não mostrou. Foi direto pra Suprema Corte”, relatou. “E eu não tenho o direito de ficar questionando a Suprema Corte de outro país, porque eu não quero que nenhum outro país questione a minha Suprema Corte mesmo quando ela erra”, comentou.
Por fim, Lula também atribuiu parte da culpa da tumultuada eleição ao candidato da oposição Edmundo González, exilado na Espanha, que também não conseguiu comprovar sua alegada vitória.
“No dia que terminou as eleições, o meu meu enviado lá, o Celso Amorim, perguntou pro Maduro se ele poderia mostrar as atas da votação e perguntou pro candidato da oposição. Os dois disseram que iriam mostrar. A verdade é que os dois não mostraram.”
A oposição, vale dizer, publicou documentos parciais, que indicariam a derrota de Maduro. O presidente venezuelano, por sua vez, alegou um ataque cibernético ao sistema de publicação e não divulgou os documentos que comprovariam a sua vitória, que foram levados à Justiça.
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