Entrevistas
Lupi insiste em manter Ciro no PDT e não descarta candidatura à Presidência
O presidente nacional do partido admite crise no Ceará e ‘diferença profunda’ com Lula, mas vê espaço caso a polarização perca fôlego


O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, garante: não desistiu de manter Ciro Gomes no partido — apesar dos sinais de um namoro do eterno presidenciável com o PSDB.
“Se depender de mim, Ciro não sai”, disse Lupi em entrevista a CartaCapital, sugerindo caminho aberto para uma nova candidatura presidencial do ex-governador do Ceará pelo partido. “Ciro me disse reiteradas vezes que não é candidato a nada. Eu disse a ele: ‘você não é candidato a nada, mas pode ser tudo'”.
Em 2022, Ciro recebeu 3% dos votos e terminou na quarta colocação. Ele já havia disputado a Presidência em outras três ocasiões: em 1998, pelo PPS, com 11% dos votos; em 2002, novamente pelo PPS, com 12%; e em 2018, já pelo PDT, com 12,5%.
Ainda que Ciro decida de se lançar mais uma vez ao Palácio do Planalto, porém, Lupi diz ser necessário entender se haverá espaço para outra candidatura na centro-esquerda que não seja a de Lula.
“Se a eleição fosse hoje, entre Lula e o esquema de Bolsonaro, estaríamos com Lula sem sombra de dúvida, sem nenhuma negociação”, assegurou o ex-ministro da Previdência Social, emendando uma ponderação: “A polarização pode estar começando o seu esgotamento. Nesse esgotamento, pode aparecer a oportunidade de a gente ter uma candidatura de novo.”
Divergências locais e nacionais
A dificuldade em manter Ciro no PDT, admite Lupi, esbarra numa crise que começa em casa. “Ele tem um problema complexo e grave no Ceará.” É um grupo que ele liderou e depois os interesses foram se chocando. Isso gerou um incômodo grande para ele.”
O ‘problema’ tem diversas expressões. Em 2024, por exemplo, o PDT rachou quando ficou de fora do segundo turno para a prefeitura de Fortaleza, ocasião em que Evandro Leitão (PT) derrotou André Fernandes (PL) — o bolsonarista, porém, contou com o endosso de pedetistas de destaque. Um ano antes, mais de 40 prefeitos do Ceará pediram desfiliação do PDT.
Mas a fratura não é só regional. Ciro também carrega uma “diferença profunda” com o presidente Lula e o PT. A mágoa se agravou em 2018, quando os petistas lançaram Fernando Haddad, e não Ciro, para representar Lula na corrida pela presidência.
Assista à entrevista:
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