Política
Lula volta a defender exploração de petróleo na foz do Amazonas e diz que Marina Silva ‘jamais será contra’
Lula tenta equilibrar interesses econômicos e ambientais do polêmico projeto e defende ser necessário achar um ‘meio termo’ sobre como a exploração deverá ser feita para que os dois lados sejam atendidos


O presidente Lula (PT) vem dando mostras de que pretende levar a cabo o projeto de exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas, na área conhecida como Margem Equatorial.
Nos últimos dias, Lula tem defendido enfaticamente que não quer fazer uma “loucura ambiental”, mas que “ninguém pode proibir” a pesquisa sobre o tema. De um lado, a Petrobras está entusiasmada com a possibilidade, mas, de outro, o Ibama cobra detalhes para saber a extensão dos danos ambientais do projeto.
Nesta sexta-feira 14, foi a vez da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ser tema da discussão. Em entrevista à Rádio Clube, do Pará, Lula argumentou que a ministra “jamais será contra” o projeto, por ser “uma pessoa muito inteligente”.
“A gente quer mostrar para o Ibama e para a companheira Marina que é plenamente possível fazer a prospecção de petróleo”, disse Lula. “Eu tenho certeza que a Marina jamais será contra, porque a Marina é uma pessoa muito inteligente”, afirmou.
O petista reconheceu que a ministra se opõe ao método do projeto, embora não seja contrária à exploração, em si. “Não é ‘não quero’, é como fazer para não ser predatório com a nossa querida Amazônia”, disse Lula.
No final das contas, segundo Lula, é preciso mediar os interesses entre atores favoráveis e contrários à exploração. “Acho que a gente tem que ter uma mediação e começar a pensar na necessidade do Brasil. Isso é bom ou ruim para o Brasil e para a economia?”, questionou.
Do que trata o projeto
A exploração de petróleo na Margem Equatorial, uma grande área que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte – passando por Pará, Maranhão, Piauí e Ceará – é um desejo da Petrobras.
Na região da foz do Amazonas, por exemplo, a petroleira tem um projeto para perfuração de poço de quase 3 mil metros de profundidade. Acontece que ambientalistas são majoritários em apontar os riscos ambientais da proposta.
De modo geral, estudiosos do clima dizem que a exploração de petróleo na região pode trazer prejuízos à flora e à fauna no local.
Um dos passos para que o projeto saia do papel é que ele obtenha uma autorização do Ibama, que já analisa o pedido. O órgão, porém, disse que as questões estão sendo avaliadas pelo corpo técnico.
A proposta, aliás, tem um apoio importante: o do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que, ultimamente, tem tratado do assunto com Lula. O berço político do parlamentar deve ser um dos mais afetados – do ponto de vista econômico e também do ambiental – pelo projeto.
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