Economia
Lula volta a cobrar BC por redução na taxa de juros: ‘vai precisar começar a abaixar’
O atual patamar da Selic é o maior desde julho de 2006, quando Lula estava no seu primeiro mandato


O presidente Lula (PT) retomou nesta segunda-feira 20 a cobrança pela redução da taxa básica de juros, hoje em 15% ao ano. Ao discursar durante o lançamento da linha de crédito para reforma de moradias populares, o petista afirmou que o Banco Central terá de “abaixar os juros” para permitir a expansão da economia e do crédito no Brasil.
“Quero que os empresários todos ganhem muito dinheiro, que as suas empresas possam crescer, produzir, gerar emprego. Que os banqueiros ganhem dinheiro. Mas não precisa extorquir o povo”, disse o presidente. “Ganhe dinheiro de forma tranquila, emprestando a juros razoáveis. O Banco Central vai precisar começar a abaixar os juros, porque todo mundo sabe o que nós herdamos e que estamos preparando esse País para ter uma política monetária mais séria”.
O atual patamar da Selic é o maior desde julho de 2006, quando Lula estava no seu primeiro mandato.
Esse índice foi definido em setembro, na última reunião do Conselho de Política Monetária do BC, que também sinalizou a manutenção da taxa elevada por “período bastante prolongado”. Com a decisão, o Brasil passou a ter a segunda maior taxa real de juros do mundo, de 9,51%, perdendo apenas para a Turquia, que atinge 12,34%.
As críticas de Lula à política monetária não são novas. Desde a sua posse, o petista não poupou pressões e críticas ao ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto – sob a gestão dele, a taxa de juros iniciou em 13,75% e finalizou em 12,25%. Com a posse de Gabriel Galípolo, em janeiro deste ano, havia a expectativa de que houvesse redução no patamar, o que ainda não ocorreu.
Programa Reforma Casa Brasil
Lançado nesta segunda-feira com objetivo de facilitar o acesso a um financiamento com juros reduzidos e suporte técnico gratuito para planejamento e execução das obras, o Programa Reforma Casa Brasil é coordenado pelo Ministério das Cidades em parceria com a Caixa Econômica Federal e prevê 40 bilhões de reais em crédito habitacional, sendo 30 bilhões de reais do Fundo Social e 10 bilhões de reais do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).
Cada família poderá receber uma carta de crédito de até 30 mil reais para obras de melhoria habitacional para compra de materiais de construção, pagamento de mão de obra, projetos técnicos e arquitetônicos, entre outros. Caberá à Caixa a análise de crédito, aprovação dos projetos e liberação dos valores, que serão pagos diretamente aos prestadores e fornecedores credenciados.
O programa de reformas está inserido dentro de uma das cinco linhas de ações do Minha Casa, Minha Vida. Os fundos são abastecidos principalmente com recursos dos royalties do petróleo.
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