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Lula recebe Macron na Amazônia em uma esperada visita de 3 dias

Os dois líderes relançam as relações bilaterais, depois dos anos difíceis de Jair Bolsonaro na Presidência

Os presidentes Lula e Emmanuel Macron na ilha de Combu, no Pará, em 26 de março de 2024. Foto: Ludovic Marin/AFP
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, nesta terça-feira 26, o presidente francês, Emmanuel Macron, na cidade de Belém, no início de uma esperada visita de três dias para relançar as relações bilaterais.

Em um encontro com significado simbólico, Lula e Macron se reuniram por volta das 16h30 de Brasília na capital paraense, que sediará a COP30 contra as mudanças climáticas em 2025.

Ato contínuo, os dois presidentes seguem de barco para a ilha vizinha de Combu para conhecer a produção artesanal e sustentável de cacau, um exemplo de bioeconomia, segundo a Presidência francesa.

Lula fez da luta contra o desmatamento na Amazônia uma prioridade de seu terceiro mandato e a derrubada de árvores caiu pela metade em 2023 em relação ao ano anterior, quando seu antecessor, Jair Bolsonaro, ainda estava no poder.

A maior floresta tropical do planeta desempenha um papel-chave na luta contra as mudanças climáticas, ao absorver emissões de dióxido de carbono.

Em Belém, Macron irá condecorar o cacique Raoni com a Legião de Honra, a mais alta distinção francesa. O líder kayapó se tornou uma das personalidades mais emblemáticas em defesa da preservação da Amazônia.

Durante mais de três décadas, Raoni denunciou perante o mundo as ameaças que os povos indígenas sofrem.

O governador do Pará, Helder Barbalho, e os presidentes Lula e Emmanuel Macron na ilha de Combu, no Pará, em 26 de março de 2024. Foto: Ludovic Marin/AFP

Virando a página

Esta é a primeira viagem oficial em 11 anos de um presidente francês ao Brasil.

Embora Lula tenha visitado Paris em junho do ano passado, autoridades brasileiras esperavam que Macron fosse um dos primeiros chefes de Estado a visitá-lo em 2023, quando voltou ao poder.

Os dois líderes relançam as relações bilaterais, depois dos anos difíceis de Bolsonaro na Presidência (2019-2022).

Em plena crise devido às queimadas na Amazônia em 2019, Bolsonaro e seus ministros foram desrespeitosos e até ofensivos com Macron e sua esposa, envenenando uma relação que já era tensa.

A França, a sétima maior economia do mundo, e o Brasil, a nona, são considerados atores-chave em um cenário internacional marcado pela rivalidade entre a China e os Estados Unidos.

Paris vê Brasília como uma ponte com as “grandes economias emergentes”, cujas vozes os brasileiros tentam convergir em sua atual presidência do G20 das economias avançadas e do grupo Brics+.

Divergências: Mercosul e Ucrânia

Em matéria de defesa, França e Brasil cooperam na fabricação de quatro submarinos de propulsão clássica e o terceiro deles, chamado “Tonelero”, será inaugurado na quarta-feira pelos dois líderes na base naval de Itaguaí, no estado do Rio de Janeiro.

O acordo, confiado ao Naval Group, prevê também a construção de um quinto submarino, de propulsão nuclear, que irá integrar a frota brasileira, mas até o momento sem prever a transferência de tecnologia francesa referente ao reator.

Outros assuntos serão mais complexos, a começar pelo acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, paralisado pela enésima vez devido à oposição da França.

Ambas as presidências garantiram que o objetivo da visita não é entrar na questão do acordo, que está sobre a mesa há mais de duas décadas.

Macron também insistirá que a guerra na Ucrânia seja discutida neste ano no G20. Mas Lula, que causou desconforto ao defender uma política de não isolamento da Rússia, tem sido evasivo até agora.

Lula e Macron concluirão a visita com um encontro na quinta-feira no Palácio do Planalto, em Brasília.

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