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Lula, Ramaphosa e Sánchez defendem multilateralismo e alertam: ‘O mundo está cada vez mais fragmentado’
Chefes de governo do Brasil, África do Sul e Espanha assinam artigo conjunto; texto traz críticas às posturas de líderes como Donald Trump
Os presidentes do Brasil e da África do Sul, Lula e Cyril Ramaphosa; e o presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez; publicaram nesta quinta-feira 6 um artigo a seis mãos em defesa do multilateralismo. Sem mencionar nomes, o texto traz críticas às posturas de líderes como Donald Trump.
“O mundo está cada vez mais fragmentado, e é exatamente por essa razão que devemos redobrar os esforços para encontrar uma base comum”, diz o texto, que foi publicado em diferentes veículos de imprensa pelo mundo. No Brasil, o artigo foi apresentado pelo jornal O Globo.
Brasil, África do Sul e Espanha sediarão, neste ano, importantes eventos de organismos internacionais. Enquanto Belém vai receber a Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-30); Joanesburgo (na África do Sul) será casa da Cúpula do G20; e Sevilha (Espanha) recebe a 4ª Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento (FfD4).
“Essas reuniões não podem ser apenas mais do mesmo. Precisam entregar progressos reais”, diz o artigo publicado pelos três líderes políticos. “A confiança no multilateralismo está sob tensão; e, no entanto, nunca houve tanta necessidade de diálogo e cooperação global.”
“Ao vislumbrarmos 2025, conclamamos todas as nações, instituições internacionais, setor privado e sociedade civil a se colocarem à altura deste momento. O multilateralismo é capaz e precisa gerar resultados— porque os riscos são muito altos para permitirmos o fracasso”, conclui o documento.
No texto, Lula, Ramaphosa e Sanchéz cobram, também, uma mudança no sistema financeiro mundial. A reforma de instituições como o Fundo Monetário Internacional tem sido uma constante nos discursos do brasileiro sobre a economia global.
“Muitos países em desenvolvimento sofrem com o peso insustentável de dívidas, espaços limitados de ação fiscal e barreiras que dificultam o acesso justo ao capital. Serviços básicos, como saúde e educação, têm de competir com taxas de juros crescentes. Trata-se não apenas de uma falha moral, mas de um risco econômico para todos”, escrevem. A conclusão, então, é taxativa: “A arquitetura financeira global precisa ser reformada.”
O trio, por fim, voltou a cobrar o financiamento de políticas de adaptação das mudanças climáticas. A ideia propagada é que países mais ricos arquem com o custo de programas climáticos em países em desenvolvimento. “Para muitos países em desenvolvimento, uma transição climática justa permanece fora de alcance devido à falta de fundos e a desafios ao desenvolvimento. Isso precisa mudar”, cobram os líderes.
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