O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o Teto de Gastos e se queixou da preocupação com o “mercado” durante a crise econômica. As declarações ocorreram em um evento com profissionais da cultura no Pará nesta quinta-feira 1º.
Na mesma frase, Lula aproveitou para fazer um novo aceno ao eleitorado feminino, com o qual o seu adversário Jair Bolsonaro (PL) tem apresentado dificuldades para estabelecer um diálogo.
“O Brasil era a 12ª economia do mundo. Deixamos este País sendo a 6ª economia do mundo, agora retrocedeu para a 13ª. E só se fala em mercado, mercado, mercado e mercado. Mercado que me interessa é aquele em que as mulheres entram para comprar comida e que, muitas vezes, não conseguem levar aquilo que elas têm o direito de levar”, disse Lula.
O líder das pesquisas eleitorais dedicou mais atenção a mulheres ao dizer que elas conquistaram espaços importantes no mundo do trabalho, mas que os homens também precisam ocupar a cozinha.
Ele criticou ainda as “grandes cadeias de televisão” pela falta de exibição de conteúdo do Nordeste, mesmo em filiais que operam em estados da região. O ex-presidente mencionou a necessidade de “fazer concorrência”.
No mesmo discurso, o petista disse que não pode prometer mudanças, porque elas não dependeriam apenas de seu cargo. A declaração sugere a defesa de elaborar uma proposta de regulamentação da mídia, algo que só seria possível com o apoio do Congresso Nacional. Declarou, porém, que pretende lançar um programa de “nacionalização” da cultura.
“Não é mais possível no século XXI a gente ter as emissoras de televisão, retransmissoras das matrizes que normalmente estão em São Paulo ou Rio de Janeiro, que não têm programação estadual.”
Na sequência, ele criticou diretamente a programação restrita a telejornais locais.
“Uma televisão é retransmissora de uma outra televisão, ela só tem meia hora de manhã para o jornal, meia hora no almoço para o jornal e meia hora à tarde para o jornal. Por que não tem uma programação com os artistas locais durante o período da tarde ou da manhã?”, questionou.
Um projeto de regulamentar os meios de comunicação é pautado por movimentos sociais que argumentam haver necessidade de conter o que consideram um “oligopólio” em que poucos grupos privados controlam muitas redes e filiais. Defendem aumentar o número de emissoras de televisão e de rádio, pluralizar a forma como veículos são financiados e diversificar os conteúdos exibidos.
Um novo ato de apoio a Lula deve ocorrer na noite desta quinta em Belém. O ex-presidente cumpre agenda no Pará em apoio ao candidato a governador Helder Barbalho (MDB), um dia após ter passado pelo Amazonas, onde esteve com o senador Omar Aziz (PSD-AM) e o candidato ao governo Eduardo Braga (MDB).
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