Lula não pode apresentar ministros antes da votação da PEC da Transição, diz Marcelo Ramos

Em entrevista a CartaCapital, o deputado do PSD afirmou que a nomeação de ministros pode ser prejudicada pelo número de votos

O deputado federal Marcelo Ramos (PSD-AM). Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

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O deputado federal Marcelo Ramos (PSD-AM) disse avaliar que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) só deve apresentar os seus ministros após o resultado da votação da PEC da Transição, proposta de emenda à Constituição que autoriza a ampliação do teto de gastos para garantir benefícios sociais.

Na opinião do parlamentar, que já foi vice-presidente da Câmara, Lula pode comprometer a sustentação dos nomes aos ministérios a depender do número de votos a favor da PEC.

“Ele anuncia um ministério para um partido, e aí 90% da bancada desse partido vota contra a PEC da Transição. O que ele faz? Demite um ministro que ainda nem assumiu?”, indagou Ramo, em entrevista ao programa Direto da Redação, no canal de CartaCapital no YouTube, nesta sexta-feira 16.

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Até agora, sete nomes estão previstos para ministérios: Fernando Haddad, na Fazenda; Flávio Dino, na Justiça; José Múcio Monteiro, na Defesa; Margareth Menezes, na Cultura; Rui Costa, na Casa Civil; e Luiz Marinho, no Trabalho.

Segundo o deputado, a bancada do PSD na Câmara tem unanimidade em torno do nome de Pedro Paulo (PSD-RJ) como o indicado da legenda para algum dos ministérios, possivelmente o do Turismo. Já no Senado, os nomes mais viáveis são os de Alexandre Silveira (PSD-MG) para a Infraestrutura e Carlos Fávaro (PSD-MT) para a Agricultura.


Durante a entrevista, Ramos também criticou os parlamentares pelo atraso no andamento da votação da PEC. Segundo ele, a falta do orçamento secreto e a não-reeleição de mais de 200 deputados contribuem para que haja menor compromisso com a pauta.

“O primeiro é a dificuldade de convencer o deputado a votar sem a garantia de uma emenda. Essa dificuldade se agrava se você considerar deputados que não se reelegeram e, portanto, não votarão com a promessa de alguma compensação a partir de janeiro do ano que vem”, declarou. “O pragmatismo e o fisiologismo dos últimos dois anos estão impedindo que os deputados percebam que o que está em jogo é a vida de quem está fora da Câmara.”

O deputado afirmou ainda que a sua expectativa é de que presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tenha redução drástica em sua influência após a votação do Congresso que regulamentou as emendas de relator.

Para Ramos, Lira já teria o poder diminuído em qualquer um dos cenários, ainda que o Supremo Tribunal Federal reconheça a constitucionalidade dessas verbas.

O julgamento no STF deve ser concluído na próxima semana. Faltam os votos de Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, em um placar apertado: 5 ministros querem a derrubada do orçamento secreto e quatro votaram pela manutenção, com mais transparência.

Confira a entrevista na íntegra no YouTube.

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